Pink Floyd: crítica de The Endless River (2014)

The Endless River chegou às lojas no último dia 10 de novembro como o “último disco do Pink Floyd”. Ele não é bem isso. Na verdade, o trabalho é uma homenagem de David Gilmour e Nick Mason para Richard Wright, tecladista da banda, falecido em 2008. O guitarrista e o baterista, com a ajuda de outros músicos e produtores, retrabalharam e evoluíram ideias que Wright trouxe para The Division Bell, álbum lançado pelo grupo em 1994.

Sendo bem radical e arrumando pano pra manga, na verdade o tal “último disco” do Pink Floyd foi lançado há 35 anos atrás e atende pelo nome de The Wall. Após isso, a banda colocou no mercado um álbum praticamente solo de Roger Waters (The Final Cut, de 1983) e os esforços de Gilmour em manter o nome na ativa após vencer a batalha judicial contra o baixista (A Momentary Lapse of Reason, de 1987, e o já citado The Division Bell). Um progger mais chato pode até dizer que Animals seria o canto do cisne do Pink Floyd como banda, já que Waters foi o chefão/ditador em The Wall, mas isso é assunto para outro dia.

Dessa maneira, o que temos em The Endless River são 18 canções inéditas, sendo que 17 delas são instrumentais. Apenas “Louder Than Words” - título apropriado, não? - contém vocais. A dica para entender o disco é compreender o seu contexto: David e Nick homenageando Rick, trazendo ao público algumas das últimas composições em que o tecladista trabalhou. Não é um álbum do Pink Floyd, está longe disso. Não há termos de comparação com The Dark Side of the Moon, The Wall ou qualquer outro álbum clássico da banda inglesa. Mas por que tem o nome da banda na capa, então? Porque vende mais, só por isso.

Inegavelmente, trata-se de um belo requiém para a obra de Wright, um dos instrumentistas mais subestimados do rock. Com canções contemplativas e repletas de sentimento, The Endless River aproxima-se em diversos momentos da new age, estilo que não está assim tão distante do universo floydiano. Gilmour e Mason fizeram um belo trabalho, encaixando texturas, acordes, sons e batidas, formatando as faixas. Está longe de ser uma obra-prima, um “clássico”, um disco que irá mudar o mundo, mas esse nem era o objetivo.

The Endless River traz tranquilidade, traz paz, traz carinho e afeição para os ouvidos. Esqueça que o disco tem o nome do Pink Floyd estampado na capa. Não olhe para trás, viva apenas o presente. É dessa maneira que você curtirá canções sinceras e cheias de significado. Afinal, todo mundo que gosta de música sabe que uma boa melodia, um bom arranjo, uma boa canção, valem muito mais que as palavras. E é justamente isso que encontramos aqui.

Nota 7

Comentários

  1. Este disco não comporta comparação com os best sellers do Pink Floyd, caso o autor buscasse referencias nos álbuns pré dark side, encontraria bem mais semelhanças de Pink Floyd do que julga conhecer.

    ResponderExcluir
  2. http://whiplash.net/materias/cds/213904-pinkfloyd.html

    ResponderExcluir
  3. um belo caça niquel, quem disser que isso é pink floyd pegue albuns da enya pra escutar tambem e seja feliz com esse estilo musical.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns, esta aqui o seu diploma de retardado...

    ResponderExcluir
  5. Obrigado Gilmour por mais este álbum que me concedes. PINK FLOYD é sentimento, é alma, é força, é vida, e detalhe com esse álbum praticamente todo instrumental não poderia ser melhor. Para quem gosta de boa música não existem fronteiras, Gilmour sempre será Gilmour.

    ResponderExcluir
  6. Senhores prestem atenção. É uma homenagem ao amigo morto que gostava muito de New Age e estilo que estamos escutando neste novo álbum. Façam o seguinte... escutem quando estiverem viajando sem transito, sem preocupações. É algo realmente sem comentários. Sem comparar mas na época do The Division foi a mesma coisa, o pessoal sentou o sarrafo, hoje muitos acham um dos melhores do Pink. Relaxam e entendam a Obra. Valeu

    ResponderExcluir
  7. Esse critico só ouviu os álbuns pós dark side? Só pode.

    Esse álbum tem muitos elementos que lembram os primeiros álbuns, é só parar pra ouvir.

    É muito bom, porém tudo o que é novo todo mundo tenta criticar pra dizer "eu avisei" no final.

    É só escutar o álbum umas duas vezes e qualquer um vira fã.

    ResponderExcluir
  8. Disco sensacional... Passa um sentimental incrível.
    Skins é uma das músicas mais malucas que o Floyd já fez.
    Sum e Talkin' Hawkin são as minhas preferidas do disco.
    Autumn 68 é a mais emocionante, pelo menos pra mim.
    Já perdi a conta de quantas vezes o ouvi. Obrigado Gilmour, Manson e WRIGHT!

    ResponderExcluir
  9. Esse disco lembra muito também o Wish You Were Here, com suas longas passagens instrumentais...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.