Scorpions - Return to Forever (2015)

Após idas e vindas, turnês globais com duração de mais de 2 anos e um discurso de encerramento de atividades mais fajuto que nota de 3 reais, o Scorpions "ressurge" com Return to Forever, seu vigésimo disco, sucessor do bem recebido Sting in the Tail (2010). Agora, se esse ressurgimento valeu a pena ou se foi apenas uma bela de uma jogada de marketing devido à alta demanda dos fãs por material antes do prenunciado fim, é algo que merece uma análise.

Esteticamente, este disco soa semelhante a seu anterior, tanto no timbre das guitarras quanto na sonoridade: o hard rock mais simples com o qual ficaram famosos durante a década 1980, mas atualizado para os anos atuais. Tecnicamente, todos os instrumentistas estão em ótima forma e cumprem com perfeição suas tarefas. Klaus Meine demonstra muito vigor e técnica vocal apurada ao adaptar sua característica voz às músicas, sem abusar de agudos e alcances vocais não mais possíveis devido a sua idade.

Merece destaque à parte a dupla de guitarras. Os experientes Matthias Jabs e Rudolf Schenker ainda continuam muito bem entrosados, apresentando um leque muito interessante de bases e solos neste trabalho, não se limitando a reciclar melodias e fórmulas pré-estabelecidas por eles próprios anos antes. O restante da banda cumpre bem sua parte: James Kottak fazendo boas bases à frente da bateria, tornando as músicas mais desenvoltas, e Paweł Mąciwoda, o novato da turma, preenchendo as lacunas com o seu baixo sutil, mas eficiente.

Return to Forever começa forte e promissor com "Going Out With a Bang", com uma surpreendente pegada blues, riffs fortes e leve referência de ZZ Top em sua estrutura. "Rock My Car" faz as vezes do hard rock sisudo, com riffs diretos e refrão certeiro e marcante. "Rock n' Roll Band" possui um clima urgente por conta de seu ótimo refrão, também mais um dos destaques. Por fim, "Catch Your Luck and Play" remonta discretamente aos fraseados de guitarra de Uli Jon Roth sem soar pedante, aliada ao andamento cadenciado e riffs pegajosos, tornam-na a melhor música de todo o disco.

Os pontos altos citados acima são realmente muito bons e nos levam a crer que esse retorno foi extremamente frutífero e benéfico para os fãs, mas a banda insiste em cometer os mesmos erros que fizeram com que, ano após ano, fossem perdendo sua relevância no cenário hard rock mundial. A insistência nas baladas radiofônicas tem suas consequências. ”We Built This House" apresenta um refrão grandioso embrulhado em uma balada elétrica que não convence. "House of Cards", por sua vez, é a típica balada acústica insípida, reciclada de ideias diretas do medonho Acoustica (2001). O pior, porém, ficou registrado em "Rollin' Home", disparada uma das piores músicas já registradas pelos alemães, que mais parece uma tentativa desastrosa de soar como grupos pop da atualidade, quase um cover de alguma música do One Direction.

As faixas que não comentei transitam entre o comum ("All for One"), baladas que não fedem nem cheiram ("Eye of the Storm", "Gypsy Life"), e outras que até são boas, mas não deixam de ser completamente insossas e servem para preencher espaço ("The Scratch").

Não posso afirmar que Return to Forever é um álbum ruim, pois os momentos bons contém realmente algumas das melhores composições do Scorpions em anos. Também não poderia dizer que o disco pede replay, pois os momentos ruins comprometem, e muito, a progressão do trabalho. Como saldo final, posso afirmar que Return to Forever é nada mais do que conveniente para o momento em questão. Merece ser escutado pelas qualidades que possui, mas está longe de ser um disco de peso frente ao que a própria banda já produziu no passado.

Nota 6

Por Alissön Caetano Neves, do The Freak Zine

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