Dropkick Murphys: entrevista exclusiva com o baterista Matt Kelly


Em sua primeira visita ao Brasil, em 2014, vocês tocaram em suas datas sold out em São Paulo. Esperavam ser tão bem recebidos aqui por aqui?

Não, realmente a recepção do público foi uma surpresa, e das mais agradáveis. Ficamos muito satisfeitos com o amor demonstrado por nossos fãs brasileiros.

Vocês chegaram a preparar algo especial para esses novos shows aqui no Brasil?

Fizemos uma boa mistura com músicas dos últimos vinte anos, para que as pessoas possam curtir e provar de tudo.

Vocês certamente já responderam essa, mas lá vai: de onde surgiu a ideia de unir o punk com a música celta, que resultou em algo tão original e cativante como o Celtic Punk?

Foi quase por acidente. Quando um amigo ouviu a nossa primeira canção, "Barroom Hero", disse que soava como se os Pogues estivessem socando os Ramones. Eu acho que foi um som não intencional, mas fazia sentido ao olharmos para as nossas origens. Então penso que fomos expandindo lentamente o nosso Oi! e punk para incluir influências celtas. Isso já havia sido feito antes pelos Pogues e depois pelo Pist´n´Broke, mas acho que conseguimos encontrar o nosso próprio som usando a mesma forma.

O Dropkick Murphys sempre teve um posição política clara. Agora, com a eleição de Donald Trump, vocês pretendem intensificar o discurso contra os Republicanos, ainda mais devido ao caso envolvendo o uso sem autorização de uma canção da banda, "I´m Shipping Up to Boston", por Scott Walker, governador do Wiscosin?

Não. Não vejo Trump utilizando nenhuma de nossas músicas para promover suas ideias. Eu não sou anti-Republicano, assim como não sou anti-Democrata. Acho que nosso país está dividido o suficiente para que as pessoas tratem seus partidos políticos como times de futebol e quem pensa diferente como um inimigo, ao invés de apenas dois pontos de vista diferentes para o mesmo assunto. Se Trump ajudar a promover mais empregos ao nosso país e reconstruir a indústria, então isso será algo positivo. Agora é esperar pra ver no que vai dar.

O que você conhece de música brasileira, especialmente sobre as cenas rock e punk brasileiras?

Eu sei que o punk, o Oi! e o hardcore, assim como o thrash metal, são muito populares no Brasil desde os anos 1980, embora me entristece admitir que não conheço muitas bandas além de Virus 27, Histeria, o clássico Ulster, e um par de nomes mais novos como Blind Pigs e Belfast.


Depois de quatro anos sem nada inédito, vocês estão lançando nesse início de 2017 o seu novo álbum, 11 Short Stories of Pain & Glory. O que os fãs podem esperar desse novo disco?

É um disco duro e áspero, com letras sobre assuntos que nos interessam. Estamos muito orgulhosos do trabalho e esperamos que nossos fãs mantenham esse sentimento em seus corações tanto quanto nós.

As vendas de CDs, LPs e de outros formatos físicos caíram muito com a popularização dos downloads e dos serviços de streaming. Tendo essa realidade em mente, ainda vale a pena gravar novos discos?

Sim. Nós sempre gravaremos discos, e teremos o cuidado de colocar as músicas em uma boa ordem, para que, quando o álbum for ouvido, ele flua bem. Tempos, sons e emoções são sempre levados em conta na hora de colocar um novo álbum em ordem.

Em qual país em que vocês ainda não tocaram e gostariam de realizar um show?

Eu adoraria tocar no Egito, Índia, Coreia, China, Indonésia e na África do Sul. Acho que seria muito interessante ter contato com essas culturas, conhecer a arquitetura, as pessoas e os nossos fãs (caso existam) nesses lugares.

Que banda você curte e os fãs não fazem nem ideia?

Steely Dan! É o que chamam de guilty pleasure para mim.

Pra fechar: que música você indicaria para uma pessoa que nunca ouviu nada do Dropkick Murphys?

Eu provavelmente teria que recomendar "Worker´s Song" e "The Warrior´s Code". Ambas possuem muitos dos diferentes elementos do nosso som, incorporando a instrumentação diferente que usamos e que torna a nossa música exclusiva. Muito obrigado pela entrevista, e saudações aos nossos fãs brasileiros.

Comentários