Review: John Mayall - Talk About That (2017)


Verdade seja dita: poucos músicos ainda na ativa possuem um legado como o de John Mayall. Do alto de seus 83 anos, o pai do blues inglês revelou nomes como Eric Clapton, Peter Green e Mick Taylor ao mundo, isso sem falar na tradução do blues vindo dos negros norte-americanos para o jovem público inglês, um trabalho de ourives que impactou todo o rock britânico produzido a partir da segunda metade dos anos 1960, de Cream a Rolling Stones, de The Who a Led Zeppelin.

Uma lenda vida no mais literal sentido da palavra, John Mayall acaba de lançar o seu novo álbum, Talk About That. Ao seu lado estão o guitarrista Rocky Athas (texano que lidera a sua própria banda solo), o baixista Greg Rzab (que tocava na banda de Buddy Guy) e o baterista Jay Davenport (com longa ficha de serviços prestados ao blues ao lado de ícones como Junior Wells, Pinetop Perkins, Sugar Blue e grande parte da turma de Chicago), além da participação do emblemático Joe Walsh (Eagles, James Gang) em duas faixas - “The Devil Must Be Laughing” e “Cards on the Table". O disco traz onze músicas gravadas no House of Blues Studio localizado na cidade californiana de Encino, em sessões realizadas em 2016. Entre elas, versões para “It's Hard Going Up” de Bettye Crutcher, “Goin' Away Baby” de Jimmy Rogers e “Don't Deny Me” de Jerry Lyn Williams.

Os vocais, bem como o piano e a harmônica de John Mayall, servem como condutores de algumas das melhores canções gravadas pelo bluesman em anos. Destacam-se o blues repleto de groove da faixa-título, a classe de Joe Walsh ao colocar lá no topo a bela “The Devil Must Be Laughing” e a classuda “Cards on the Table", o balanço made in Nova Orleans de “Gimme Some of That Gumbo” (com ecos de Dr. John), a sutilmente dançante “Blue Midnight” (Eric Clapton certamente adorou essa!), o clima de big band de “Across the County Line” e o fechamento com o jazz “You Never Know”.

Talk About That é um acréscimo respeitável no longo catálogo de John Mayall. Um disco excelente, que mostra que o lendário músico inglês segue vivo, produtivo e ainda muito relevante.


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