Derek and the Dominos: o mágico encontro entre Eric Clapton e Duane Allman


Layla & Other Assorted Love Songs é, ao mesmo tempo, um álbum fundamental e uma declaração de amor sem igual. Completamente apaixonado por Pattie Boyd, esposa de seu chapa de longa data George Harrison, Eric Clapton tentou, por muito tempo e em vão, lutar contra o que sentia, mas não conseguiu. Ele precisava se expressar, colocar para fora o que o seu coração dizia, e o resultado está neste disco.

A começar pela capa, que mostra um buquê de flores, e tendo como alicerce principal a canção que batiza o disco, Layla & Other Assorted Love Songs é um trabalho extremamente emocional, doloroso em muitos momentos, mas que, talvez justamente por causa disso, acabou se transformando em um dos melhores momentos da carreira de Eric Clapton.

Acompanhado por aquela que pode ser classificada como a melhor banda que já esteve ao seu lado (Bobby Whitlock no teclado e vocal, Carl Radle no baixo e Jim Gordon na bateria), Clapton contou ainda com a participação especialíssima de Duane Allman na guitarra. Isso fez com que, mesmo inconscientemente, as performances tanto de Clapton quanto de Allman estejam entre as melhores da carreira de ambos, em uma competição sadia que gerou alguns dos solos mais marcantes da dupla.

O repertório original mantém a sua força mesmo após quase quarenta anos do seu lançamento. Basta ouvir canções como "Layla", a linda "Bell Bottom Blues", "Keep on Growing", "Tell the Truth", os solos faiscantes de "Why Does Love Got to Be So Sad" ou a versão para "Little Wing" de Jimi Hendrix para que isso fique evidente.



Não bastasse toda essa qualidade, Layla & Other Assorted Love Songs ganhou uma versão absolutamente obrigatória em comemoração aos vinte anos do lançamento original do disco, em 1990. Se você encontrá-la, não pense duas vezes: compre, porque o que você irá ouvir vai além da capacidade de análise de qualquer crítico.

Essa edição traz três discos. O primeiro contém o álbum original, enquanto o segundo é focado em outtakes e o terceiro em jams. No CD dois os destaques são duas versões alternativas para "Have You Ever Loved a Woman", variando entre uma mais acelerada e outra mais lenta, deixando clara as experimentações que o grupo fez até chegar à versão final. Outros momentos altos estão nas três versões para o blues acústico "Mean Old World", onde Clapton e Duane estraçalham nos violões, e nas duas longas jams sobre o tema de "Tell The Truth".



Mas o filé é o disco três. Nele estão cinco jams, variando entre vinte e doze minutos de duração. Nelas percebe-se o quanto a química entre o grupo, e principalmente entre Eric Clapton e Duane Allman, beirava o transcendental. Os dois passeiam por temas inspirados, levando um ao outro a limites cada vez mais altos, em uma cumplicidade absurda. Ouvir os caminhos traçados por Clapton e Duane nestas jams é um alimento para o espírito de qualquer fã de música. A impressão que dá é que, se deixassem, os dois passariam dias e dias tocando e improvisando juntos, tamanha é a energia que emana destas faixas.

Se Layla & Other Assorted Love Songs já era um álbum obrigatório, essa versão especial de vinte anos é um documento de um momento histórico, mostrando na intimidade toda a força do encontro entre dois dos maiores guitarristas do século XX.

Tem que ter: nunca essa frase soou tão adequada para um álbum quanto para The Layla Sessions: 20th Anniversary Edition.

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