Há exatas duas décadas, no dia 21 de agosto de 1997, o Oasis lançava seu terceiro disco, o aclamado Be Here Now. A banda de Manchester estava em seu auge, tão grandes que eram considerados os Beatles dos anos 1990. E na época não era nenhum absurdo dizer isso.
Após o sensacional debut com Definitely Maybe, lançado em 1994 e que foi a estreia mais bem sucedida da história inglesa até então, superando justamente os Beatles, no ano seguinte a banda soltou (What’s the Story?) Morning Glory, sua obra-prima, e que possui uma das músicas mais marcantes da década de 1990 - que atire a primeira pedra quem nunca se empolgou cantando o clássico refrão de “Wonderwall".
Além disso, em 1996 o Oasis realizou os maiores concertos ao ar livre da história do Reino Unido, tocando no Knebworth Park nos dias 10 e 11 de agosto para 250 mil pessoas no total. O público poderia ter sido ainda maior, pois o número de pessoas que tentaram comprar ingressos passou de 2 milhões e meio, que na época representava 5% de toda a população da Inglaterra, porém, a banda optou por realizar apenas dois shows.
Se hoje as comparações com o Fab Four parecem infundadas, após aquele estrondoso sucesso apenas o céu parecia ser o limite para o Oasis. E em 1997 veio o terceiro disco, aquele que muitos consideram o final da fase clássica do quinteto Voltando à comparação com os garotos de Liverpool, podemos dizer que Be Here Now foi uma espécie de Rubber Soul. A banda estava em seu auge e com um disco maravilhoso, mas internamente sendo destruída por brigas. A diferença foi o que aconteceu depois de cada álbum. Os Beatles pararam de fazer shows e lançaram vários clássicos depois disso. Já o que aconteceu com o Oasis foi bem diferente.
Nesse disco, o Oasis estava em sua formação clássica com Liam Gallagher nos vocais, Noel Gallagher na guitarra principal (e às vezes também no vocal), Paul Bonehead na guitarra base, Paul Gigsy no baixo e Alan White na bateria. Esse último era o único que não estava no grupo desde o primeiro disco e entrou no lugar de Tony McCarroll, que processou a banda na época cobrando 18 milhões de libras, com o caso acabou tomando proporções gigantescas. Em 1999, a justiça britânica determinou que McCarroll deveria receber 600 mil libras.
Foi nesse contexto que o álbum veio ao mundo. E se os anteriores eram excelentes, Be Here Now manteve o nível. O disco já abre com “D’You Know What I Mean?”, e depois emenda em sequência “My Big Mouth”, “Magic Pie”, a clássica “Stand By Me” e “I Hope, I Think, I Know”. Uma primeira metade excepcional!
A segunda parte do disco tem uma caída, mas continua excelente e traz a melhor faixa do trabalho e uma das melhores da banda, “Don’t Go Away” (com aquele refrão maravilhoso: “So don’t go away, say what you say, but say that you’ll stay”), a épica “All Around the World” com seus mais de nove minutos de duração, e para encerrar “It’s Gettin’ Better (Man!!)”.
Um trabalho tão bom foi recompensado com o primeiro lugar nas paradas britânicas (como todos os álbuns do Oasis, tamanha a força do grupo na Terra da Rainha) e 8 milhões de cópias vendidas no mundo inteiro.
Após todo o sucesso, veio o declínio. Em 1998 a banda lançou The Masterplan, uma coletânea de lados B que demonstrava o alto nível do quinteto, com “Aquiesce”, “Talk Tonight” e “The Masterplan”. Esse também foi o último registro de estúdio da formação clássica. Em 1999, Bonehead e Gipsy saem da banda. White ainda fica mais cinco anos e grava mais dois discos, até a sua saída em 2004. E para piorar, o relacionamento dos irmãos Gallagher ia de mal a pior.
Como diz o título do álbum - "esteja aqui, agora” -, a banda esteve. No lugar certo e na hora certa, para marcar o seu auge. Há 20 anos, o Oasis esteve aqui agora, marcando o fim de seu começo e o começo de seu fim.
Por Carlos Ximenes
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