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A Arlequina é hoje um dos personagens mais populares da DC. Mas pouca gente sabe que ela não nasceu dos quadrinhos, mas sim da ótima série animada do Batman criada por Paul Dini e Bruce Timm e que conquistou milhares de fãs durante a década de 1990. Batman: The Animated Series teve 85 episódios no total, que foram ao ar entre setembro de 1992 e setembro de 1995 e redefiniram o padrão de animações de super-heróis, estabelecendo a DC como referência no assunto.
Como a ideia da personagem era muito boa e não poderia ficar restrita apenas ao universo animado, Dini e Timm conseguiram convencer a DC e inserir a Arlequina no universo canônico da editora. E, para tanto, escreveram uma história chamada Louco Amor, onde contam a origem da personagem. Aproveitando a enorme popularidade atual da namorada do Coringa, hoje quase um ícone da cultura pop muito pela performance da atriz Margot Robbie no filme do Esquadrão Suicida, a Panini lançou recentemente o encadernado Louco Amor e Outras Histórias (212 páginas, capa dura, lombada quadrada, formato 18,5x27, papel couché).
A principal história da edição é Louco Amor (Mad Love, no original), publicada pela primeira vez em 1994 e vencedora dos prêmios Harvey e Eisner (este último, o Oscar dos quadrinhos). O que temos é uma trama de abuso repleta de violência, com o Coringa humilhando e batendo na Arlequina, enquanto a personagem conta a sua origem, revelando como se transformou da psiquiatra Harley Quinzel em uma psicopata totalmente desequilibrada. O traço característico de Bruce Timm, que ficou marcado no inconsciente popular devido à série animada, sugere sempre algo mais infantil e lúdico, o que contraste de maneira vibrante com a narrativa textual e gráfica, onde a relação abusiva e doentia entre o Coringa e a Arlequina é explorada de maneira explícita e sem meias palavras. E é justamente essa dicotomia uma das principais forças de Louco Amor. Não há como entender a mensagem de maneira errada: estamos diante de um relacionamento doentio, repleto de violência física e psicológica, mostrado sem maiores filtros em uma história de super-heróis, o que por si só já é algo totalmente fora da curva.
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Os textos de ambos os autores, colocados antes e depois da história, ajudam a explicar ainda mais o objetivo e tudo que aconteceu no processo. Tanto Paul Dini quanto Bruce Timm revelam aspectos muito interessantes do roteiro, inclusive trechos da arte que foram mudados porque a DC considerou que estavam muito adultos. As artes censuradas estão na edição, tornando a experiência ainda mais completa.
O restante do encadernado é composto por histórias curtas de Dini e Timm publicadas ao longo dos anos 1990. Algumas delas dão sequência a fatos mostrados em Louco Amor, enquanto outras trazem tentativas de inserir novos personagens no universo do Batman. Todas são bem construídas e valem a leitura.
Louco Amor e Outras Histórias é um excelente encadernado cuja leitura vale muito a pena, não apenas para fãs do Batman mas para apreciadores de HQs de modo geral. A coragem em mostrar em um quadrinho uma relação tão doentia quanto a do Coringa e a Arlequina, e sem inserir maiores filtros para suavizar as coisas, é um acerto tremendo e que coloca Louco Amor, com justiça, entre as grandes histórias publicadas nos anos 1990.
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