Quadrinhos: Wilson, de Daniel Clowes


Fazia tempo que eu queria ler esse quadrinho. Consegui finalmente encontrá-lo durante a ComicCon Floripa, e por um ótimo preço. Então, vamos a ele.

Wilson, obra do escritor e ilustrador norte-americano Daniel Clowes, foi publicada no Brasil em fevereiro de 2012 pelo selo Quadrinhos na Cia, da Cia. das Letras. O álbum saiu no formato 27,5 x 20,5 cm, 80 páginas e acabamento brochura. A tradução é de Érico Assis, um dos maiores pesquisadores brasileiros de quadrinhos.

Clowes, que também é autor de Paciência, publicado no Brasil recentemente pela editora Nemo, é um dos principals nomes do quadrinho alternativo dos Estados Unidos. Ácido e sentimental, azedo e doce, é um autor que possui um estilo próprio e cheio de personalidade, o que torna suas obras peças singulares no mercado.

Wilson foi escrita de maneira peculiar. O pai de Clowes estava com um sério problema de saúde, internado em um hospital, e Daniel passou semanas cuidando de seu progenitor. Para passar o tempo, começou a escrever e desenhar. E surgiu Wilson. O próprio Clowes admite que o personagem é uma espécie de lado mais sombrio da sua personalidade. Irônico, dono de uma sinceridade muitas vezes constrangedora, individualista e narcisista, é um cara pelo qual você em um primeiro momento não nutre nenhuma empatia. Porém, o desenrolar da história vai mudando a opinião inicial.



A HQ é estruturada em um formato diferente. Em uma primeira olhada, o que temos são tiras de seis quadros em cada página, com início, meio e fim. Porém, pouco a pouco você começa a perceber que essas tiras são, na verdade, fragmentos de uma história muito maior. E então o personagem vai se revelando cada vez mais, como uma versão de nós mesmos, questionando a tudo e a todos e colocando mil perguntas na cabeça do leitor. Ao final da HQ, é impossível não ter um sentimento de vazio e perguntar a si mesmo: afinal, estou vivendo a vida que gostaria de viver?

Wilson tem um certo tempero autobiográfico, mas é muito mais do que isso. É uma história adulta, que toca de maneira profunda quem se aventura por suas páginas. E aqui, tenho que citar outra de suas singularidades: cada uma das páginas da graphic novel possui um estilo de ilustração, com Clowes explorando o seu traço de maneiras tão distintas que você chega a se perguntar se não há outros artistas trabalhando junto com ele - e não, não há.

Uma curiosidade: a história foi adaptada para o cinema este ano, com Woody Harrelson e Laura Dern nos papéis principais.

Assim como discos, livros e filmes, existem HQs que marcam profundamente o leitor e acabam se tornando referências perenes em suas áreas. Wilson é um destes casos. Um quadrinho incrível, dono de enorme personalidade e excelente como poucos. 

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