Review: Foo Fighters - Concrete and Gold (2017)


Não sei quem cunhou essa definição, mas ela é cirúrgica: o Foo Fighters se acha uma banda melhor do que realmente é. Nascido das cinzas do Nirvana e elevado a potência mundial muito pelo senso melódico e pela energia onipresente de Dave Grohl, o agora sexteto chega ao seu nono álbum com Concrete and Gold. Produzido por Greg Kurstin (Adele, Beck, Pink), o disco traz onze músicas e as participações especiais de Justin Timberlake (no backing vocal de “Make It Right”) e Paul McCartney (na bateria de “Sunday Rain”). Além disso, o CD marca a estreia do tecladista Rami Jaffee (The Wallflowers, Stone Sour, Coheed and Cambria), agora um integrante oficial da banda.

A simpatia e o bom relacionamento de Grohl entre os mais variados músicos faz surgir outra alcunha para o ex-baterista do Nirvana: ele é uma espécie de Lemmy do novo milênio. Está em todas, sempre sorrindo e fazendo som com quem quiser fazer um som. As provas estão aí, e são fartas: da bateria do ótimo Songs for the Deaf (2002) do Queens of the Stone Age ao resgate de John Paul Jones com o Them Crooked Vultures, Dave se envolveu em dezenas de projetos e discos. Tanto que, de certa forma, o próprio Foo Fighters chegou a ficar em segundo plano há alguns anos atrás.

Concrete and Gold foi vendido como um disco grandioso, dono de uma sonoridade eloquente e tudo mais. Assim como o Foo Fighters é colocado na roda como uma das salvações do rock, e todo mundo sabe que isso não passa de um devaneio exagerado, o mesmo vale para o álbum. Trata-se de um trabalho pretensioso e irregular, como sempre. Entre as faixas, os destaques ficam com a épica “The Sky is a Neighborhood” (com cara de hino de estádio), com a grudenta "The Line" e com a simpática e Beatle “Sunday Rain”, não por acaso com a participação de Paul McCartney.

De modo geral, o Foo Fighters aposta em uma sonoridade que não traz grandes inovações para o universo da banda e que proporcionará aos fãs uma audição segura e sem sustos. No entanto, a sensação é de que estamos diante do formato padrão da grande maioria dos álbuns lançados nos últimos anos: aqueles que fazem um enorme barulho antes de serem lançados, criam uma baita expectativa alimentados por declarações dos próprios músicos e que poucas semanas após o seu lançamento acabam esquecidos na prateleira (física ou da memória, você escolhe). 

Com Concrete and Gold, o Foo Fighters segue tendo como seu melhor momento The Colour and the Shape, lançado há exatos vinte anos. Convenhamos que isso é muito pouco para uma banda saudada aos quatro ventos como um dos maiores nomes do rock contemporâneo, não é mesmo?

Comentários

  1. Análise perfeita. É uma banda que entrega bem menos do que promete. Mais um disco que vai pra prateleira rapidamente e de lá não sairá mais...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Análise perfeita. Com exceção de alguns bons momentos em "There's nothing left tô lose (1999) e outros em "Echoes, Patience, Silence and Grace" (2009), o Foo Fighters segue como o u2 e o Pearl Jam, fazendo paródias deles mesmos.

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  4. achava que seu preferido tinga sido o Wasting light de 2011, lembro bem daquele review considerando o álbum o melhor disco do grupo até aquele momento.

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  5. Acho que cobramos muito de bandas e artistas com décadas de estrada. A criatividade sempre renderá trabalhos melhores que a experiência, dentro e fora da música. Os fãs da Madonna estão mais interessados em ouvi-la cantar Vogue, os de U2 One e os de Rolling Stones, Satisfaction ao vivo, no fim. Não importa os discos que gravem.

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