Um dos melhores discos de prog metal lançados em 2017 não vem de uma banda norte-americana ou inglesa. Os responsáveis pelo trabalho são australianos e atendem pelo nome de Caligula’s Horse. Na estrada desde 2011, o quinteto lançou em este ano o seu quarto álbum, In Contact. E já peço desculpas pelo inevitável trocadilho oportunista, já que foi com esse CD que tive o meu primeiro contato com o som do grupo.
In Contact é o sucessor de Moments from Ephemeral City (2011), The Tide, The Thief & River’s End (2013) e Bloom (2015), sendo que este último foi aclamado pela crítica de maneira quase unânime. Ao ouvir as onze faixas de In Contact, não causará surpresa alguma se o álbum também tiver uma receptividade tão positiva quanto o seu antecessor.
A música do Caligula’s Horse é um metal progressivo com a tradicional riqueza musical e exuberância técnica do estilo, porém acompanhada de uma pegada bastante acessível. Não há trechos de inúteis exibições de habilidades musicais que soam mais adequadas a um freak show do que a um disco de rock, por exemplo. Além disso, o grupo equilibra elementos de outros estilos, principalmente hard rock e AOR, na construção de uma sonoridade que possui enorme probabilidade de conquistar o ouvinte de imediato.
O uso de melodias que têm as suas raízes no hard rock (mais) e no AOR (um pouco menos) veste as músicas como uma aura mais amigável, com a banda despejando a sua pegada prog no interior destas canções. E então dá-lhe riffs de guitarra sincopados que ficam mais encorpados com o acompanhamento das batidas de bateria, sempre intercalados por momentos mais calmos onde tudo que está acontecendo abre espaço para momentos onde a música pode respirar de maneira mais tranquila.
O vocal de Jim Grey, com um timbre limpo e muito gostoso de ouvir, passeia por sobre a intrincada tecelagem instrumental, destacando-se durante todo o disco. O mesmo pode ser dito da bateria de Josh Griffin, estreando em In Contact com uma pegada e uma técnica que faz as passagens mais elaboradas parecerem simples.
Ao contrário da maioria das bandas de prog metal, o Caligula’s Horse não conta com um tecladista em sua formação oficial. É possível ouvir camas de teclados ao fundo em diversas músicas, mas o instrumento nunca vem para a linha de frente. Esse protagonismo acaba sendo dividido entre os guitarristas Sam Vallen e Adrian Goleby, que mostram o quanto ouviram os nomes clássicos do prog como Genesis e Yes, ao mesmo tempo que não negam a inspiração em referências mais atuais como John Petrucci e o próprio Joe Satriani (ouça “Fill My Heart”). E pra não dizer que eu não falei do baixista Dave Couper, ele torna as quatro (ou seriam mais?) cordas do seu instrumento a cola que une todos os vários ingredientes da música da banda.
Como todo álbum de rock ou metal progressivo que se preze, In Contact tem no conjunto a sua principal força. O disco está repleto de ótimas faixas, mas é a união destas composições que torna o trabalho algo especial.
Eu gostaria que você ouvisse esse disco. Seja para conhecer um álbum realmente acima da média ou para perceber que o prog metal vai além dos mesmos ícones de sempre. Seja lá o motivo, o fato é que In Contact é um trabalho com cara de futuro clássico.
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