Ari Borger Trio mistura jazz, rock e blues em novo disco


Mestre em piano blues, boogie woogie e hammond B3, Ari Borger é um dos grandes nomes do blues brasileiro e um dos principais pianistas do Brasil em atividade. Em mais de 25 anos de carreira, se apresentou ao lado de lendas como Johnnie Johnson e Pinetop Perkins e abriu o show de artistas como B.B. King. Em maio, o artista lança seu sétimo álbum, Rock’n Jazz, ao lado de Marcos Klis, no contrabaixo acústico, e Humberto Zigler, na bateria e percussão, que juntos formam o Ari Borger Trio. 

Os músicos, que por anos tocaram em formação de quarteto no Ari Borger Quartet, ao lado do guitarrista Celso Salim, selecionaram canções que já estavam presentes no repertório de shows para compor o disco novo. “Quando você toca em trio, sem o guitarrista, acaba mudando o conceito musical, pois não é preciso combinar a harmonia com a guitarra, o que garante a todos uma liberdade musical muito maior”, conta Borger. 

Quando o Salim foi morar fora do Brasil, Borger, Zigler e Klis viram a nova formação aparecer como um caminho natural a ser seguido, e, a partir daí, passaram a focar nessa proposta. Como o repertório dos músicos é muito grande – eles tocam juntos há dez anos –, a seleção foi como um caminho, uma perseguição, a uma ideia ousada: compor um disco com clássicos do rock and roll tocados com roupagem autoral, jazzística, sem deixar de lado a influência do blues e do soul. O plus do álbum são as músicas próprias, influenciadas pelo som de New Orleans - onde Borger morou por um ano e gravou seu primeiro disco - e ritmos brasileiros. “Nosso som é bem misturado. É soul, blues, jazz e rock. Tentamos pegar todos esses estilos musicais e colocar numa linguagem única, tendo como inspiração a linguagem da música negra norte-americana”, classifica Ari. 


Em Rock’n Jazz, destacam-se as releituras de "Come Together" (The Beatles), "Miss You" (The Rolling Stones), "Sunshine of Your Love" (Cream) e "House of the Rising Sun" (The Animals), que ganham novos arranjos. “Misturar o rock com jazz e blues, para mim, é muito natural. Não é uma junção difícil, porque eles conversam muito. O rock veio do blues, então há essa história que quisemos resgatar”, comenta Borger.

Além destas, o disco traz músicas de pianistas da época de ouro da Blue Note Records, célebre gravadora norte-americana de jazz, e duas faixas autorias: "Samba de Roads" e "Crazy Dog”, ambas criações de Ari, cada uma num estilo. Enquanto "Crazy Dog" é uma mistura do som de New Orleans, cujo soul é bem especifico e já havia sido tocada em apresentações anteriores, "Samba de Roads" é inédita. Composta há alguns anos, foi engavetada e ganhou finalização com a concretização do disco novo. “O nome vem do fato de eu ter colocado alguns elementos brasileiros de samba na segunda parte dela e pelo ‘roads’, que é um piano elétrico muito utilizado ao longo da história da música”, explica Borger. 

O álbum, que será lançado em todas as plataformas digitais no dia 17 de maio, terá uma apresentação de pré-lançamento no mesmo dia, às 21h, no Bar Must, dentro do Tivoli Mofarrej. “Esse é o disco que mais apostei na minha carreira. Ele funciona muito bem ao vivo, as pessoas se identificam com ele, e quebra uma barreira da música instrumental. Queremos derrubar esse paradigma, mostrar que um show de música instrumental pode envolver e cativar o público, algumas vezes até mais que numa música que tem voz”, finaliza o músico. 

(Fotos de Lilian Knobel)

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