Metallica ou Megadeth? Com certeza você, amigo leitor, já se fez essa pergunta ou participou de alguma discussão acalorada entre amigos sobre qual dos dois ícones do thrash metal é o melhor. Bem, esse texto não tem como objetivo alimentar ainda mais esse tema, até por que com certeza quem lê essas linhas já tem a sua opinião mais do que formada a respeito dessas duas bandas. O assunto aqui é outro.
Por mais que a banda liderada por James Hetfield e Lars Ulrich de um lado e a outra sob o comando ditatorial de Dave Mustaine tenham seguido caminhos distintos em termos de sonoridade em suas carreiras, é fato que mais ou menos na mesma época ambas têm um ponto em comum: o lançamento de dois discos controversos e que até hoje são considerados como o ponto baixo em suas discografias – sim, eles mesmos: estou falando de Load (1996) e Risk (1999). Os dois álbuns tem em comum, além da mudança visual das bandas, afinações predominantemente baixas nos instrumentos, logotipos novos, maquiagens e cabelos curtos por parte da maioria de seus integrantes. Em casos mais extremos, até mesmo beijo na boca entre Lars Ulrich e Kirk Hammett. Mas vamos ao que interessa: será que o que realmente importa – a música – é realmente ruim?
Mesclando elementos do grunge, hard rock, blues e até mesmo do country, Load não deixa a desejar a nenhum lançamento anterior na discografia do Metallica. Sem querer bancar o advogado do diabo, mas o disco é realmente bom e tem seus méritos. Assim como Risk, levemente inferior, mas igualmente instigante quanto à sonoridade buscada por Mustaine, incluindo ao thrash agressivo da banda samplers, uma forte influência de industrial, elementos pop, country e também influenciado pelo rock alternativo dos anos 1990.
Quanto ao primeiro, é difícil considerar mediano ou ruim um álbum que contém composições do quilate de “Until It Sleeps”, “Hero of the Day”, “Bleeding Me” ou “Mama Said”. Já no segundo, o destaque fica por conta de “Prince of Darkness”, “Crush’ Em” - que fez parte da trilha sonora do filme Universal Soldier: The Return, lançado no Brasil como Soldado Universal 2 -, “I’ll Be There”, a divertida e inesperada “Seven” e a sequência final com “Time: The Beginning” e “Time: The End”.
Já foi dito que, se não fossem lançados sob as patentes de Metallica e Megadeth, Load e Risk seriam sucessos absolutos de crítica. Quem sabe, provavelmente sim. Mas não teriam a graça do desafio da fuga do status quo, que é o que deveria mover toda banda em termos criativos. Como o que ouvimos cada vez mais por aí, artistas cada vez mais soando como paródias de si mesmos e incluindo poucas novidades ou inovações em suas carreiras.
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