Quando surgiu com o álbum Plays Metallica by Four Cellos (1996), o quarteto finlandês chamou a atenção ao apresentar uma proposta inédita: recriar alguns dos clássicos da banda norte-americana apenas com um quarteto de cordas e de forma instrumental. A proposta deu certo e o disco caiu no gosto dos fãs de metal, viabilizando ao Apocalyptica uma carreira mais longa.
No entanto, a fórmula do primeiro álbum evidentemente não teria uma vida tão longa assim, e a banda se viu obrigada a evoluir a sua música e a inserir novos elementos em sua sonoridade. Isso foi feito trazendo os instrumentos característicos do metal - guitarra, baixo e bateria - e com a inclusão de um vocalista, porém mantendo o aspecto “clássico”, por assim dizer, da sua música. Todo esse processo foi acontecendo de maneira gradativa ao longo dos anos até chegar em Shadowmaker, primeiro trabalho a trazer essa nova proposta na íntegra de maneira efetiva.
Lançado em 17 de abril de 2015, Shadowmaker é o oitavo disco do Apocalyptica e o primeiro trabalho da banda a trazer apenas um vocalista - no caso o norte-americano Franky Perez. Experiente, Perez foi guitarrista do Scars on Broadway - banda formada pelo guitarrista e baterista do System of a Down, respectivamente Daron Malakian e John Dolmayan - e possui uma carreira solo que já rendeu três discos. Além disso, colaborou com Slash na banda solo do guitarrista do Guns N’ Roses e com outros nomes conhecidos.
O que o Apocalyptica faz em Shadowmaker é uma atualização da sua música, e Perez é um dos elementos principais. Para mim, isso acabou sendo um problema, pois o timbre do vocalista não me agradou muito. Um tanto quanto agudo e sem agressividade, apesar das boas interpretações, achei o vocal o ponto baixo desse disco. No aspecto instrumental temos a banda conseguindo equilibrar bem o lado clássico e a pegada metal, criando uma sonoridade que desce sem sustos. Vale mencionar que, ao consultar outros reviews mundo afora - algo que costumo fazer quando estou analisando um disco -, me deparei com resenhas invariavelmente positivas, então achei interessante compartilhar isso com vocês porque, talvez, a minha implicância com o vocal de Franky Perez possa ter interferido na minha avaliação geral do álbum.
Outro ponto que precisa ser dito é que Shadowmaker não traz nenhuma versão para canções de outros artistas e conta apenas com composições da própria banda. Os caras conseguem variar entre faixas mais agressivas e outras mais lentas, baladas mesmo, como “Holy in My Soul”. No entanto, os melhores momentos, ao meu ver, acabam aparecendo quando a banda explora o seu diferencial, que está no quarteto de cordas que a tornou conhecida. Isso acontece de maneira exemplar nas instrumentais “Riot Lights” e “Till Death Do Us Part”, além de um trecho particularmente bastante inspirado e bonito na música que dá título ao disco.
De modo geral, achei Shadowmaker um álbum apenas mediano. É louvável o desejo do Apocalyptica em se aventurar por novos caminhos, mas como disse antes, a inclusão de Franky Perez não me pareceu a escolha mais acertada. Talvez um vocalista com um timbre mais agressivo geraria um contraste melhor com o instrumental refinado e inspirado na música clássica que sempre marcou o Apocalyptica.
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