Discoteca Básica Bizz #107: Hank Williams - 40 Greatest Hits (1978)


Como Elvis Presley, Hank Williams é uma figura suprema da cultura norte-americana. Através dele, o country chegou à era moderna. Hank foi um dos pioneiros do rock, tanto na sonoridade como no comportamento.

Até ele chegar, a música caipira americana era restrita ao consumo da população pobre do sul dos Estados Unidos. Ao descrever as tristezas e as desgraças do homem comum, Williams capturou a imaginação do país inteiro em suas canções. Além disso, ele foi criado no meio do blues e a mistura da música negra com o som folclórico dos brancos resultou em algo totalmente novo.

Hiram "Hank" Williams nasceu em 17 de setembro de 1923, na cidade de Monte Olive, Alabama. Atravessou uma infância miserável e descobriu que a única maneira de não passar fome era tocar o seu violão em lugares que rendessem algum dinheiro. Depois de ganhar boa experiência no sul do país, ele seguiu para Nashville, a capital da música country. Foi lá que, em 1947, assinou com a gravadora MGM e conseguiu lançar seu primeiro compacto, "Move It On Over".

Esta canção foi um marco. Basta dizer que "Rock Around the Clock", lançada sete anos depois por Bill Haley & His Comets e considerada por muitos o ponto de partida do rock and roll, era decalcada nesse primeiro sucesso de Hank. Em "Move It On Over" já dava para sentir tudo o que viria a ser o chamado rockabilly: honky tonky caipira e o violão ágil, cobrindo todos os espaços.

A partir daí Hank não parou mais de estourar com músicas como "Lovesick Blues", "Jambalaya (On the Bayou)", "Cold, Cold Heart", "I'm So Lonesome", "I Could Cry", "Your Cheatin'", "Heart" e outras.


Mas o sucesso não acalmou Hank, um cara difícil, quase intratável e dado a crises de temperamento. Pior: alcoólatra irrecuperável e viciado em speed (anfetamina), arrumava brigas, faltava aos shows e conseguiu ser banido do Grand Ole Opry, o programa de rádio de maior prestígio em Nashville.

Finalmente, na véspera do ano novo de 1953, Hank Williams foi encontrado morto no banco traseiro de seu Cadillac pouco antes de ir fazer um show em Ohio. A causa oficial apresentada foi um ataque cardíaco. No funeral, 25 mil pessoas choraram em frente ao seu caixão. Ironicamente, a música dele que estava nas paradas da época se chamava "I'll Never Get Out of This World Alive" ("Eu Nunca Deixarei Este Mundo Vivo").

O cowboy errante tornou-se um dos primeiros a falar sobre a poeira na estrada interminável e da derrota como uma lição a ser aprendida. O seu estilo "viva rápido e morra jovem" virou norma no rock and roll. E as canções dele foram determinantes nas carreiras de artistas tão diversos como Jerry Lee Lewis, Ray Charles, Tony Bennett, Linda Ronstadt e muito mais gente que vasculhou o catálogo do cara em busca de hits ou de inspiração. Sem contar que seu filho (Hank Williams, Jr.), continuou o trabalho do velho e também se tornou superastro do country.

Texto escrito por Paulo Cavalcanti e publicado na Bizz #107, de junho de 1994

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