O que eu li durante o mês de agosto


Decidi iniciar uma nova coluna aqui no site, para dividir com vocês as minhas melhores leituras do mês. Os títulos serão predominantemente de quadrinhos, que é o que eu mais consumo, mas eventualmente alguns livros também podem dar as caras. Espero que gostem e que, como eu, nunca percam o prazer por uma boa leitura!

Verões Felizes 2: A Calanque, de Jordi Lafebre e Fernando Paz (SESI_SP Editora)

Assim como Rumo ao Sul, primeiro volume da série franco-belga Verões Felizes e que foi publicado aqui no Brasil em dezembro de 2016, A Calanque (que saiu em outubro de 2017) é uma história sobre o cotidiano. Sem super-heróis, sem alienígenas, sem super poderes. E, por isso mesmo, tão tocante. Tem um ditado que diz que a felicidade está nas pequenas coisas. Verões Felizes: A Calanque é a tradução dessa frase para os quadrinhos. 

Astro City - Volume 8: Estrelas Brilhantes, de Kurt Busiek, Brent Anderson e Alex Ross (Panini Comics)

Tenho a impressão de que pouca gente lê Astro City. Não vejo muitos comentários sobre a saga criada por Kurt Busiek na mídia de quadrinhos brasileira, o que é uma pena. Este volume é um dos melhores já publicados no Brasil, e é literalmente de cair o queixo. Busiek explora o conceito de super-heróis vivendo no mundo real, ideia que, apesar de já ter rendido clássicos como Marvels (também escrita por Kurt, diga-se de passagem), em Astro City é aprofundada e apresenta os mais variados desdobramentos possíveis. O ponto é que o texto de Kurt vem sempre carregado com uma sensibilidade absurda e doses enormes de humanidade, o que torna a leitura de cada volume uma experiência que nos faz pensar sobre as nossas próprias vidas. Enfim, azar de quem não lê …


Escalpo - Livro Um, de Jason Aaron e R.M. Guéra (Panini Comics)

Uma história absolutamente empolgante, cheia de reviravoltas e com um ritmo contagiante. Este volume reúne as primeiras 11 edições de Escalpo e é uma das melhores leituras que fiz este ano. O enredo acompanha a trajetória de Dashiell Cavalo Ruim, um índio que há anos saiu da reserva Rosa da Pradaria, onde nasceu, e agora retorna como um agente infiltrado do FBI para investigar as operações do chefão local, o cacique Lincoln Corvo Vermelho. A história, escrita pelo celebrado roteirista Jason Aaron e com arte não menos que incrível do ilustrador R.M. Gu'wra, já foi classificada como uma espécie de Família Soprano indígena, e esta definição é bastante apropriada. Doses generosas de violência, traição, investigação e sexo saltam das páginas, em um roteiro que renderia uma ótima série de TV na HBO, por exemplo. 



Liga da Justiça - Origem, de Geoff Johns e Jim Lee (Panini Comics)

Todos os canais sobre quadrinhos acharam bem ruim. Eu li e achei super divertido, dei boas risadas e gostei bastante. Então, é o seguinte: esse Origem é o recomeço da Liga da Justiça na iniciativa Os Novos 52, que reiniciou o universo DC em 2011 com a proposta de apresentá-lo para uma nova geração de leitores. O roteiro traz Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Cyborg em encarnações mais jovens e bem menos experientes que as habituais, porém esbanjando segurança e arrogância. Os diálogos criados por Geoff Johns são engraçadíssimos - como o antológico momento que um vilão menor fala o nome Darkseid e os heróis, sem saber de quem se trata, perguntam se é o nome de alguma nova banda -, enquanto a arte de Jim Lee é uma delícia pra quem gosta de ação. Se ao invés de tentar criar algo sombrio e sério como o filme da Liga a DC investisse em adaptar arcos como esse para os cinemas, os resultados seriam bem melhores, tenho certeza.



Deuses Americanos - Volume 1: Sombras, de P. Craig Russell e Scott Hampton (Editora Intrínseca)

Uma boa adaptação de uma das obras-primas de Neil Gaiman. Este é o primeiro de três volumes da HQ, que está sendo publicada no Brasil pela Intrínseca. O roteiro explora o conflito entre os deuses antigos trazidos para os Estados Unidos pelos imigrantes europeus e os novos deuses da atualidade, como a internet, a TV, o cartão de crédito e outros. A premissa é muito legal e rende uma ótima história. Ainda que não seja tão completa quanto a experiência de ler o livro (que também saiu por aqui pela Intrínseca), o quadrinho adapta de forma bastante competente a história de Gaiman. Minha única crítica vai para a arte, que em alguns momentos me pareceu um tanto inócua e sem vida. Mesmo assim, um grande acerto e um ótimo título para quem procura uma boa HQ para ler e que não tem nada a ver com o muitas vezes cansativo e saturado universo de super-heróis, seja ele da Marvel ou da DC. Graficamente, a edição é perfeita, com papel de alta qualidade, ótima impressão e um cuidado minucioso, e ainda há uma galeria com capas e esboços. Leia!




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