Em 27 de março de 1984 o Scorpions lançou o seu nono disco, Love At First Sting, consolidando o processo que transformou a banda em dos maiores nomes do hard rock dos anos 1980. Toda essa história começou cinco anos antes, com uma sequência de álbuns que conduziu o grupo em um constante crescimento de popularidade que atingiu o seu auge em meados da década.
A mudança do Scorpions teve início com a saída do guitarrista Uli Jon Roth em 1978. Após gravar discos excelentes como In Trance (1975), Virgin Killer (1976), Taken by Force (1977) e o ao vivo Tokyo Tapes (1978), Roth se desligou da banda no primeiro semestre de 1978, descontente com o direcionamento mais comercial que Klaus Meine e Rudolf Schenker pretendiam dar à música do quinteto. Após promover uma audição em que mais de 140 guitarristas tentaram o posto, o alemão Mathias Jabs foi escolhido como novo integrante do grupo.
A banda então entrou em estúdio e lançou no início de 1979 o seu sexto disco, Lovedrive. O álbum marcou a estreia de Jabs e trouxe também Michael Schenker, que havia sido expulso do UFO. Irmão mais jovem de Rudolf, Michael gravou os solos das músicas “Another Piece of Meat”, “Coast to Coast”, “Holiday”, “Loving You Sunday Morning” e “Lovedrive" e chegou a fazer alguns shows com o grupo, mas logo saiu de forma meio conturbada e montou o Michael Schenker Group, que lançaria o seu disco de estreia um ano depois.
Lovedrive é considerado por uma parcela considerável da crítica como o melhor álbum do Scorpions e apresentou, de maneira clara, a mudança de sonoridade pretendida por Klaus e Rudolf. O disco conta com músicas excelentes e trouxe a banda experimentando até mesmo um reggae, como podemos ouvir em “Is There Anybody There?”. Lovedrive vendeu bem e chegou ao 36º lugar na Inglaterra e ao 55º posto no Billboard 200.
Com a banda estabilizada, o Scorpions teve aquela que é considerada a formação clássica pela maioria dos fãs: Klaus Meine, Rudolf Schenker, Mathias Jabs, Francis Buchholz e Herman Rarebell. Foi esse time - com a ajuda do produtor Dieter Dierks - que levou a banda a viver o seu melhor momento criativo - ainda que muitos prefiram os discos dos anos 1970, que também são muito bons - e o seu ápice de popularidade, consolidando-se como um dos grandes nomes do hard & heavy dos anos 1980.
Após Lovedrive, o grupo lançou Animal Magnetism em 31 de março de 1980. O disco emplacou os hits “Make It Real” e “The Zoo” e alcançou uma performance ainda melhor que Lovedrive, ficando no 23º lugar na Inglaterra e em 52º na Billboard, alcançando vendas superiores a 1 milhão de cópias somente nos Estados Unidos.
O pulo foi ainda maior no álbum seguinte. Blackout chegou às lojas em 10 de abril de 1982 e mostrou que o crescimento era pra valer. O disco alcançou o primeiro lugar na França e foi bem em todo o mundo, chegando ao 11º posto na Inglaterra e ao top 10 do Billboard 200. Só no mercado norte-americano foram mais de 1 milhão de cópias comercializadas. Além disso, o single “No One Like You” alcançou o primeiro posto nos Estados Unidos. Um álbum obrigatório em qualquer coleção que se preze.
Mas a virada definitiva na carreira do Scorpions aconteceu com Love At First Sting. O nono trabalho dos alemães foi lançado em 27 de março de 1984 e é, para muitos fãs, o melhor do grupo. O setlist é impressionante e repleto de canções marcantes como “Bad Boys Running Wild”, “Rock You Like a Hurricane”, “Big City Nights” e “Still Loving You”. A consolidação da nova abordagem musical conquistou o público norte-americano, e Love At First Sting ficou em sexto no Billboard 200. Em contraste, na Inglaterra o álbum alcançou apenas a 17ª posição. A estimativa é que mais de 3 milhões de cópias foram comercializadas apenas nos Estados Unidos.
Foi durante a turnê de Love At First Sting que os alemães vieram pela primeira vez ao Brasil. A banda tocou no Rock in Rio, em 1985, apresentando-se duas vezes. No show do dia 15 de janeiro, Klaus Meine levou ao palco uma gigantesca bandeira do Brasil. Já no concerto do dia 19/01, Mathias Jabs tocou com uma guitarra que trazia pequenas bandeiras brasileiras em seu corpo. O grupo filmou ambos os shows, e cenas dessas apresentações foram utilizadas no clipe de “Still Loving You”.
O fechamento dessa fase incrível que o Scorpions viveu durante os anos 1980 se deu com o duplo World Wide Live, lançado em 20 de junho de 1985 e registro oficial da Love At First Sting World Tour. Segundo álbum ao vivo da banda, o disco traz 19 músicas gravadas em cinco shows diferentes: 24 e 25 de abril de 1984 no The Forum, em Los Angeles; 26 de abril de 1984 na Sports Arena, em San Diego; 28 de abril de 1984 no Pacific Amphitheatre, em Costa Mesa; e em 17 de novembro de 1984 no Sporthalle, em Colônia, na Alemanha. O título foi lançado também em VHS, com o tracklist encurtado para apenas 11 faixas.
Depois de tudo isso, o Scorpions só retornaria em 1988 com Savage Amusement, e alcançaria outro pico de popularidade com o disco seguinte, Crazy World (1990), que trouxe as baladas “Wind of Change” e “Send Me an Angel”. Pessoalmente não gosto dos discos lançados após 1984, pois acho que a banda ficou contaminada definitivamente pelo sucesso mundial de “Wind of Change” e ficou tentando replicar esse êxito continuamente, sem alcançar bons resultados. Tudo ficou meloso demais para o meu gosto.
A sequência entre Lovedrive e Love At First Sting é o melhor momento do Scorpions. Quatro álbuns incríveis que colocaram a banda definitivamente no Olimpo do rock. Se você quer conhecer todo o poder do quinteto alemão, esse período é a prova definitiva da força do Scorpions.
auge comercial e em termos de popularidade pois em minha humilde opinião o auge artístico foi até tokyo tapes guiado por um dos mais inventivos brilhantes e subestimados guitarristas de todos os tempos. fly to the rainbow é um disco que leva o rock ao state of the art de grandes obras do gênero. sou fã de toda carreira dessa banda, adoro os discos dos 80s principalmente blackout mas o auge artístico de sua obra músical ficou nos 70s
ResponderExcluirFalou e disse heheh! Depois que conheci a fase 70 do Scorpions eu meio que fui parando de ouvir a fase 80, que é boa, mas não se compara com o brilho que a banda tinha com Uli Jon Roth na época.
ExcluirPra mim, Lovedrive (1979), Animal Magnetism (1980) e Blackout (1982) representam a trilogia sagrada dos Scorpions (só tem música boa nestes três petardos), já que Love at First Sting infelizmente não me mostra a mesma banda que gravou os três álbuns anteriores por mim citados, já que está em um nível bem diferente se comparado com qualquer um destes três LPs. Também não concordo com os fãs que apontam LAFS como o melhor disco de toda a carreira do Scorpions (não acho que este disco seja isso tudo que eles dizem que é) porque a música que eu MENOS gosto da banda está gravada nele: falo da (na minha opinião) abominável, chatíssima e insuportável "Still Loving You", principal razão do meu descontentamento com este álbum como um todo, com a qual não consigo gostar até hoje de LAFS de forma integral. A verdade é que a banda já fez coisa melhor antes e ainda faria depois do lançamento de LAFS...
ResponderExcluirIgor Maxwell, vc tem um "gosto" discutível e ruim, mas respeito, Scorpions acabou em 1978 com a saída do Mago Uli Jon Roth!!!
ExcluirSim, minhas preferências são um pouco duvidosas e discutíveis sim... Mas, em relação ao grupo Scorpions, só por eu dizer que não gosto de Love at First Sting que você não pode dizer que meus gostos pessoais são ruins, afinal, este nono álbum deles não é para todos. Não estou em nenhum dos dois termos "ame ou odeie", apenas não gosto. E se eu falei mal de "Still Loving You" é porque é verdade. Sim, é uma balada a meu ver medíocre, chatíssima, abominável, insuportável, e tudo o mais de negativo que eu posso afirmar. Até hoje eu penso como seria este disco se essa música não estivesse incluída em seu tracklist e fosse substituída por outra. Não, não estou afirmando que LAFS é o pior disco do Scorpions, respeito e ao mesmo tempo discordo de quem o elege como o melhor deles, mas só por nele conter "Still Loving You" é que eu já não gosto, tá bom?
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