Discoteca Básica Bizz #115: Fats Domino - My Blue Heaven: The Best of Fats Domino (1990)


"Bem, vocês chamam isso de rock and roll. Tenho tocado isso lá em New Orleans por cerca de dez anos e sempre disse que isso era rhythm & blues”. Assim respondeu Fats Domino ao ser perguntado como surgiu o rock. O cantor, compositor e pianista foi um dos principais responsáveis pela tremenda transformação da música negra no novo ritmo consumido pela juventude.

Em termos de consumo, Fats Domino era mestre: o gordão foi simplesmente o terceiro maior artista em vendas na era de ouro do rock, só perdendo para Elvis Presley e Pat Boone, respectivamente em primeiro e segundo lugares. Entre 1949 e 1960, Fats chegou a lançar 23 singles, os quais conseguiram ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas. O cara era um campeão!

Antoine "Fats" Domino nasceu em 10 de maio de 1929, em New Orleans. Ele logo cedo aprendeu a tocar piano e daí começou a fazer o circuito de clubes da cidade, onde se projetou rapidamente pelo seu balanço inconfundível. Em meados da década de 1940 veio a conhecer o bandleader, trompetista e também produtor Dave Bartholomew, com quem passou a ter uma parceria vitoriosa. Bartholomew conseguiu um contrato com a gravadora Imperial e passou a co-escrever e a arranjar todos os discos de Domino.

Em 1955 tudo estava preparado para o surgimento do rock and roll e Fats entrou com tudo, lançando a imortal "Ain't That a Shame". O pianista teve que enfrentar uma dura competição contra uma oportunista versão da mesma canção feita pelo crooner Pat Boone, um artista especializado em fazer covers de músicas de artistas negros.


Sem dúvida, 1956 foi o grande ano para Fats. Emplacou nas paradas músicas do calibre de ''I'm Not in Love Again", "When My Dreamboat Comes Home" e - principalmente - "Blueberry Hill", um standard que já tinha sido sucesso com o cantor Gene Autry. Mas a versão que Domino fez para a faixa tornou-se a definitiva e a mais conhecida, sem a menor dúvida.

Seu sucesso já era grande e continuou nos discos que ele gravou, em shows e também no cinema. Domino chegou a aparecer em vários filmes, tais como The Girl Can't Help It! (no Brasil, Sabes o Que Quero, 1956), The Big Beat (1956), Shake, Rattle and Roll (1956) e outros.

Os Beatles foram os responsáveis pelo resgate de Fats Domino ao lançar, em 1968, "Lady Madonna", paródia assumida do estilo do pianista. Com isso, Domino passou a ser figura sempre constante e idolatrada nos espetáculos de revival do rock and roll e até hoje atrai as multidões fascinadas pelo charme dos seus velhos e imbatíveis clássicos.

Texto escrito por Paulo Cavalcanti e publicado na Bizz #115, de fevereiro de 1995

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