Thin Lizzy, a banda mais injustiçada do rock


Quando penso em bandas injustiçadas, o primeiro nome que me vem à cabeça é o do Thin Lizzy. O quarteto liderado pelo vocalista e baixista Phil Lynott tinha tudo para ser gigante: ótimas músicas, instrumental requintado, melodias inspiradas, interpretações vocais cheias de personalidade e uma sonoridade original e cativante. Porém, tinha também um outro ingrediente: a instabilidade provocada pelo abuso de drogas, que marcou a carreira da banda de maneira não muito positiva.

Formado em Dublin em 1969, o Thin Lizzy sempre teve em Lynott o seu eixo principal. Era ao redor dele que tudo acontecia. Sua forma de cantar, meio falada e com a malícia das ruas, nunca encontrou algo semelhante. Suas composições, que sempre aliaram peso e uma onipresente pegada pop, em um mundo justo seriam conhecidas em todos os recantos do planeta. E ainda havia muito mais: o ataque faiscante das guitarras de Scott Gorham e Brian Robertson fez história e influenciou nomes que vão do Iron Maiden à toda a cena de power metal. E como cereja do bolo, por breves períodos o grupo ainda contou em suas fileiras com Gary Moore e John Sykes. E pra fechar, a bateria segura de Brian Downey, onde o chimbal exercia um papel de destaque.


A fase de ouro do Thin Lizzy durou seis anos e rendeu sete discos: Vagabonds of the Western World (1973), Nightlife (1974), Fighting (1975), Jailbreak (1976), Johnny the Fox (1976), Bad Reputation (1977) e Black Rose: A Rock Legend (1979), além de um antológico álbum ao vivo, Live and Dangerous, que chegou às lojas em 2 de junho de 1978. Os dois primeiros discos, Thin Lizzy (1971) e Shades of a Blue Orphanage (1972), mostravam uma banda ainda tentando encontrar a sua sonoridade. E a época final com Lynott, que abrange os álbuns Chinatown (1980), Renegade (1981) e Thunder and Lightning (1983), revelaram um grupo já debilitado pelas drogas enquanto buscava atualizar a sua música aproximando-se do heavy metal popular na época. A morte de Phil Lynott em 4 de janeiro de 1986, com apenas 36 anos devido a um colapso provocado pelo abuso de álcool e substâncias, encerrou de vez a era dourada do Thin Lizzy.

A banda, no entanto, seguiu em frente com encarnações distintas. John Sykes, que tocou nos últimos discos com Lynott, manteve o Thin Lizzy na ativa entre 1996 e 2010, enquanto Scott Gorham assumiu o comando a partir de 2010 com Ricky Warwick nos vocais. A iniciativa de Gorham agradou os fãs e o grupo decidiu então lançar material inédito, porém com outro nome para preservar o legado de Lynott. Nasceu então o Black Star Riders, que já deu ao mundo três bons discos que exploram o universo sonoro esculpido por Phil Lynott e sua turma: All Hell Breaks Loose (2013), The Killer Instinct (2015) e Heavy Fire (2017).


Toda essa trajetória foi marcada por música da mais alta qualidade, presentando os fãs com diversos hits e canções marcantes. Pelo menos um dos álbuns do Thin Lizzy, Jailbreak (1976), pode ser considerado um clássico inquestionável do hard rock. É nesse disco que está o maior hit da banda, “The Boys Are Back in Town”, que alcançou o primeiro lugar na Irlanda em 1976. Outros grandes êxitos comerciais do quarteto foram “Don't Believe a Word” (2ª posição, também na Irlanda, também em 1976), “Dancing in the Moonlight” (4º posto na Irlanda em 1977) e “Waiting for an Alibi” (6ª posição na Irlanda em 1979). Além disso, é do Thin Lizzy a gravação mais antológica da imortal “Whiskey in the Jar”, canção tradicional irlandesa que ganhou inúmeras interpretações ao longo dos anos - incluindo a do Metallica, em 1998, que apresentou a música para uma nova geração de ouvintes. Porém, a performance do Thin Lizzy, lançada em novembro de 1972 como single e incluída nas edições posteriores de Vagabonds of the Western World (1973), é de longe a mais marcante.

Agora que você já sabe mais sobre essa banda absolutamente incrível, delicie-se com a nossa playlist especial. Separamos 26 músicas do Thin Lizzy em quase duas horas de música, com as faixas mais conhecidas do quarteto de Lynott. E com um bônus delicioso: a arrepiante versão da linda “Still in Love With You”, uma das mais belas baladas já compostas, gravada ao vivo nos estúdio da BBC em 1974 para o programa do DJ John Peel e com Lynott dividindo os vocais com Gary Moore.

Viva o Thin Lizzy. Hoje e sempre!

Comentários

  1. Vivo mostrando pra nova geração que até hj não tem igual ao thin lyzzi,sem falar da passagem do Gary moore

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  2. Banda super subestimada. Lynott foi e É um poeta incrível. As percepções dele sobre vida, amor, coisas simples, é fantástica. Hetfield do Metallica o definiu uma vez de forma sublime: "Phil Lynott não tinha medo de escrever apartir do coração". Síntese perfeita.

    É incrível como os anos 70 foi capaz de esculpir pérolas no Rock n Roll com bandas subestimadas. Se n fosse a internet, mt se perderia por aí...

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  3. Ouvindo Banshee agora, balada lindíssima, apesar de instrumental, expressa mt em seus acordes e melodia. Dear heart finaliza o Nightlife de forma fantástica.

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