O ilustrador norte-americano Alex Ross se tornou um dos artistas mais conhecidos do mundo dos quadrinhos através da abordagem realística que seguiu em seu trabalho, construído a partir de referências fotográficas e que alcançou um resultado até então inédito nas histórias em quadrinhos. Todo mundo que leu Marvels (1994) e O Reino do Amanhã (1996) ficou de queixo caído com as páginas belíssimas que transparecem realismo em universos habitados por seres fantásticos como o Superman, Batman, Homem-Aranha, Hulk e outros ícones.
No entanto, o início da trajetória de Ross não aconteceu nem na DC, nem na Marvel, como muita gente pensa. A primeira história em quadrinhos que o norte-americano ilustrou foi publicada pela NOW Comics em 1990 e acaba de ser lançada no Brasil pela Editora Mythos. Trata-se de Exterminador do Futuro - Terra em Chamas, escrita por Ron Fortier e que imagina um final para a luta entre a Skynet e os seres humanos.
Antes, porém, é preciso contextualizar um pouco as coisas. O filme O Exterminador do Futuro foi lançado em 1984 e apresentou a história dirigida por James Cameron, onde uma entidade cibernética entra em guerra com a humanidade. O filme foi um sucesso e motivou a criação de um universo expandido nas HQs, que passaram a ser publicadas pela NOW Comics. Isso aconteceu na segunda metade da década de 1980, antes, portanto, da sequência que Cameron lançaria em 1991. Na época, não havia pistas de que uma continuação cinematográfica seria desenvolvida. Então, a NOW convidou Fortier, que já escrevia as HQs do personagem, para imaginar como seria a conclusão da guerra entre a Skynet e a humanidade.
Alex Ross na época era apenas um cara que sonhava em trabalhar com quadrinhos, e que vivia fazendo storyboards para agências de publicidade. Através de um amigo, ficou sabendo do projeto e enviou seu portfolio para a NOW. Para a sua surpresa, foi escolhido para o projeto. A ideia original de Ross era colocar a sua arte realística na série, porém o choque de realidade em trabalhar com os prazos apertados de um título mensal fez o artista mudar seus planos. Ele próprio fala sobre isso no esclarecedor posfácio da edição brasileira.
Terra em Chamas foi publicada como uma série mensal com cinco edições. Antes de ler a história, é preciso lembrar mais uma vez: na época, o único capítulo de Exterminador do Futuro que as pessoas conheciam era o filme de 1984. Tudo que veio depois ainda não existia. Então, Fortier partiu disso para imaginar uma história onde aconteceria o confronto definitivo entre humanos e máquinas. O roteiro não é brilhante, porém funciona e apresenta um caminho paralelo daquele trilhado pela série de filmes.
Em relação às ilustrações de Ross, o que temos são páginas com uma arte pintada mas sem o aspecto realístico que o consagrou. A colorização e o traço são mais sujos, e isso acaba casando com o clima apocalíptico que o roteiro traz. Ainda que não seja o melhor trabalho de Ross, Terra em Chamas acabou chamando a atenção de Kurt Busiek, que o convidou para desenvolver a aclamada Marvels ao seu lado.
A edição da Mythos vem com capa dura, 140 páginas e formato 17x26, com acabamento luxuoso seguindo o padrão dos títulos do selo Prime Edition.
No final, a leitura é interessante e mostra uma abordagem diferentes para um dos maiores títulos da cultura pop contemporânea.
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