Todo mundo já passou pelo final da adolescência. Aquela fase da vida onde não somos maduros o suficiente para decidirmos qual rumo seguir, mas todo mundo nos cobra isso. Aquele período em que os sonhos encontram a realidade e se esfacelam, onde os medos e temores do futuro surgem como uma avalanche e onde a incerteza parecer ser a única certeza.
Este é o
universo de Ghost World, provavelmente a mais aclamada e celebrada HQ do
norte-americano Daniel Clowes. Publicada entre junho de 1993 e março de 1997,
foi reunida em um só volume pela Phantagraphics naquele mesmo ano e desde
então ganhou status de cult. A história apresenta duas garotas, Enid e Rebecca,
amigas inseparáveis que acabam de terminar o ensino médio e estão naquele momento
em que não sabem o que fazer da vida. Clowes relata essa angústia, melancolia e
insegurança de forma certeira e, sem meias palavras, doída para o leitor. É
impossível ler e não recordar de quando nós mesmos experimentamos esses
sentimentos, que são retratados com uma autenticidade e com uma verdade
desconcertantes por Clowes.
A história é
estruturada na forma de pequenos contos do cotidiano de Enid e Rebecca,
recortes de momentos marcantes de suas vidas em que somos apresentados ao
contexto em que ambas estão inseridas: uma cidade do interior dos Estados
Unidos onde a vida é pacata, teria tudo para ser mais simples mas, na prática,
é tão complicada quanto em qualquer lugar. Clowes usa alguns estereótipos narrativos
na forma do amigo pra toda hora e do cara chato e arrogante, mas de modo geral
consegue se afastar desses arquétipos, entregando uma trama que surpreende por
justamente trilhar um caminho que foge do convencional. A colorização econômica
e bela, apenas com tons de preto e azul, evidencia o clima melancólico do quadrinho,
dando forma física para o sentimento que permeia a história.
O impacto de Ghost World é universal. Como já disse lá em cima, o que as duas protagonistas vivem e experimentam é o que todo mundo já viveu e experimentou em determinada fase da vida, e isso faz com que a identificação com a trama seja geral. Não à toa, Ghost World acabou sendo adaptada para o cinema em 2001 pelo diretor Terry Zwigoff, com Thora Birch no papel de Enid e Scarlett Johansson vivendo Rebecca, além da participação de Steve Buscemi.
Ghost World
foi relançada aqui no Brasil em 2017 pela editora Nemo, em uma edição especial
que celebrou os vinte anos da publicação original nos Estados Unidos. O
material veio em uma bela edição em capa brochura, lombada quadrada, orelhas com
informações e alguns extras, em um trabalho à altura da importância que o
título possui na trajetória dos quadrinhos alternativos.
Uma obra
incrível e que merece ser descoberta.
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