
O Night Beats vem de Seattle. Mas esqueça tudo que você associa à cidade que foi berço do grunge. A banda foi formada em 2009 e sempre apostou em uma sonoridade com clima de garagem e contornos psicodélicos. Até chegar a este quarto disco, lançado em janeiro. Aqui, a coisa muda um pouco de figura.
Myth of a
Man é o sucessor de Who Sold My Generation (2016) e traz a mente criativa
responsável pelo grupo, o vocalista e guitarrista Danny Rajan Billingsley
(também conhecido como Lee Blackwell) apostando em uma sonoridade um tanto
diferente dos trabalhos anteriores. Há uma presença maior de ingredientes
vindos diretamente do rico vocabulário musical norte-americano, o que significa
que aspectos de blues e country, principalmente, permeiam as dez músicas do
disco.
A abertura,
com a sombria “Her Cold Cold Heart”, agrada de imediato, sensação essa que é
intensificada com a faixa seguinte, “One Thing”, que soa como se o The Byrds acabasse de ser formado. “Stand With Me” foi feita para pegar a estrada,
uma trilha para rodar sem destino em busca do sol. Já “(Am I Just) Wasting My
Time” coloca a meiguice em primeiro plano e não disfarça a influência de
grandes tradutores das questões do coração, como o falecido Roy Orbison e até
mesmo lado mais sentimental de Buddy Holly.
Além dos
nomes já citados, o disco deixa bem claro o quanto Blackwell estava ouvindo
lendas como Bob Dylan, The Band e afins durante o processo de composição, traduzindo
essas influências para uma nova geração de ouvintes e encaixando-as dentro do
seu próprio universo musical.
Myth of a
Man está longe de ser um disco que irá cativar a todos e possui um tracklist um
tanto irregular, porém, quando acerta a mão, entrega momentos de brilhantismo
como a doçura melódica de “Too Young to Pray”, a nostalgia inocente de “Let Me
Guess” e o groove despreocupado de “Eyes on Me”, isso sem falar na linda “I
Wonder”, que soa como se o Beach Boys de Brian Wilson fosse uma banda folk com grande simpatia pelo country.
Vale a pena
ouvir.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.