Estocolmo, 1994. Com o desejo de fazer um som mais acessível porém não menos energético, o quarteto Nicke Andersson (Entombed), Andreas Svensson (Backyard Babies), Kanny Hakansson (Entombed) e Robert Ericksson (Strindbergs) une forças e monta o The Hellacopters, nome tirado da gíria que os mexicanos usavam para identificar os helicópteros da CIA que sobrevoavam os campos de maconha por todo o México.
Porto
Alegre, 2016. Influenciados pelo Hellacopters e por bandas como Foo Fighters,
Kiss, Danko Jones e AC/DC, os amigos Marcelo Pereira (vocal), Murilo Bitencourt
(guitarra), Marcel Bitencourt (baixo) e Chantós Mariani (bateria) formam o
Rebel Machine, gravam o álbum Nothing Happens Overnight (2016) e mostram que
todo fã de rock deve ficar de olho no grupo.
Corta para
2019. Depois de três anos e diversos shows nas costas, incluindo aberturas recentes para
gigantes como Black Label Society e Slash, o Rebel Machine está de volta com
Whatever It Takes. O segundo disco do quarteto gaúcho foi disponibilizado nesta
sexta-feira (24/05) nos apps de streaming e ganhará uma versão física nas
próximas semanas. Lançado pelo selo sueco Big Balls Productions e masterizado
por Mats Lindström, o álbum teve a sua bela capa criada pelo ilustrador
brasileiro Henry Lichtmann e traz doze faixas. O acerto do Rebel Machine começa
por aí: os dois discos da banda são compostos totalmente por músicas autorais. E elas são, meu amigo, muito acima da média.
Equilibrando
inspirações em nomes clássicos e contemporâneos, o grupo trouxe uma presença
maior de elementos pop para a sua sonoridade em Whatever It Takes, o que fez
com que a música da banda, que já era cativante, ficasse com essa
característica ainda mais evidente. Com um pensamento bem old school no
sentido de que boas canções devem trazer doses extrovertidas de melodia e de
que uma banda de rock tem como alicerce os riffs de guitarra, o Rebel Machine
empolga mais uma vez com um álbum excelente.
O trabalho
de composição mostra-se muito maduro, segue ideais bem definidos e
desvia-se dessas crenças de maneira apenas sutil e com o objetivo de tornar
a sua música ainda mais forte. Isso fica claro em faixas como as grudentas “Underdogs”,
“Dancing Alone” e “What You Feel”, destaques imediatos de um disco pra lá de
consistente. No outro lado da moeda, canções como “Square One”, “In My Heart” e
“Fall Into Temptation” reafirmam a aura hellacoptersiana presente no DNA do
Rebel Machine e aceleram o ritmo do disco.
Em um
cenário como o do rock brasileiro, dominado por nomes veteranos e onde bandas
cover têm prioridade sobre artistas autorais na hora de conseguir espaço nos
palcos, uma banda como o Rebel Machine ganha relevância e importância que vão
muito além de seus discos. Criando material próprio e de excelente qualidade, o
quarteto gaúcho não apenas possui enorme potencial para conquistar fãs em todo
o país e também no exterior (como já está acontecendo, diga-se de passagem), como inspira toda uma nova geração de bandas a
acreditar em seus sonhos e não abrir mão dos seus ideais artísticos.
Como diria
Nicke Andersson: “I’m in the band, by the grace of God”.
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