É óbvio que grande parte das pessoas que vieram
nesta terça-feira até o Pepsi On Stage, em Porto Alegre, estavam em busca de
resquícios do Guns N' Roses. Em torno das 17h30, filas consideráveis se formaram
no entorno do evento, assim como as camisetas com Armas e Rosas proliferavam
por todos os lados. Afinal, Slash, o inglês mais americano do rock, 53 anos bem
vividos, e o grupo que o tornou uma lenda, fazem parte do universo do rock como
uma de suas castas mais valorizadas.
E os números do Guns são superlativos. Após nova reunião da banda o grupo esteve na estrada por dois anos, varrendo os quatro cantos do planeta na mega bem sucedida turnê Not in This Lifetime. A tour passou por América do Norte, América do Sul, América Central, Ásia, Oceania e Europa, num total de 156 concertos que rolaram de 1 de abril de 2016, no Troubador em West Hollywood, até 8 de dezembro de 2018, no Aloha Stadium, em Honolulu, no Havaí. Porto Alegre recebeu a Not in This Lifetime em 8 de novembro de 2016, com o Beira-Rio lotado (leia review AQUI).
E os números do Guns são superlativos. Após nova reunião da banda o grupo esteve na estrada por dois anos, varrendo os quatro cantos do planeta na mega bem sucedida turnê Not in This Lifetime. A tour passou por América do Norte, América do Sul, América Central, Ásia, Oceania e Europa, num total de 156 concertos que rolaram de 1 de abril de 2016, no Troubador em West Hollywood, até 8 de dezembro de 2018, no Aloha Stadium, em Honolulu, no Havaí. Porto Alegre recebeu a Not in This Lifetime em 8 de novembro de 2016, com o Beira-Rio lotado (leia review AQUI).
Estima-se que Slash já tenha colaborado com mais
de cem artistas, isso além do que realizou com GnR, Slash's Snakepit, Velvet
Revolver e com a atual banda. Não há dúvidas, estamos falando de um dos homens
mais ocupados no ramo do rock and roll. E pra que se tenha uma ideia de como o
guitarrista é um legítimo working man, entre brechas da
digressão seu novo álbum foi gravado, para logo depois se juntar a Myles
Kennedy & The Conspirators e dar início o Living the Dream Tour em 11 de
setembro de 2018, dois meses antes da Not in This Lifetime chegar ao
fim. Haja fôlego! E desde lá, foram quase 50 shows até o músico novamente tocar
o solo gaúcho, dois anos e meio após a última estada por aqui.
Ao lado de seu parceiro favorito no crime, Myles
Kennedy (vocal), ele tem a companhia de Frank Sidoris (guitarra base e vocais
de apoio) e dois músicos canadenses - Todd Kerns (voz principal em duas
músicas, baixo e vocais de apoio) e Brent Fitz (bateria). Juntos, já gravaram
Apocalyptic Love (2012), World on Fire (2014) e Living in the Dream (2018),
álbuns que formam a base da atual tour.
21h. Som no palco, luzes azuis sinalizam o início
do espetáculo. Sem depender de telões, truques cenográficos ou adereços, a
primeira bola de fogo advém do último álbum da banda, "The Call of the
Wild". No palco, Slash, a lenda - o homem com uma Les Paul, o anel de caveira
e sua inseparável cartola. O guitarrista entrega ao público o retrato iconizado
de sua persona artística -
'óculos Ray-Ban espelhado, o piercing no nariz, os
cabelos escondendo traços de suas expressões' - o texto que escrevi em 2016 no
show do GnR em Poa não precisa ser reescrito. Enquanto isso, Myles Kennedy
ronda o palco e ocupa todos os espaços possíveis, apesar do foco principal
obviamente estar sempre no guitarrista.
Uma baita sacada de Slash foi escolher Myles como
o frontman de sua banda.
O ex-professor de guitarra é respeitado não apenas por sua invejável extensão
vocal - "A abordagem de
Jeff Buckley me ajudou a aceitar o fato de que eu era um tenor. Devo muito a ele", disse em
entrevista recente. Essa veia fica exposta já em "Halo”, da mesma maneira
em que percebemos uma banda que vive o seu melhor momento. Não se pode negar,
Myles Kennedy está no front da atual
linhagem dos vocalistas de rock, e além de suas atribuições como cantor,
estamos falando de um grande performer. Veja o desenho de sua atuação na falsa
balada "Shadow Life" e entenda essa afirmação.
A versão ao vivo de "Back From Cali" é
o ponto do alto do início da apresentação, instante exato em que a audiência
deixa o deslumbramento de lado e revela que também está pronta para cantar os
refrães. Esse mesmo coro da plateia retorna afiado em canções como "Mind Your
Manners". O som cru da guitarra de Slash brilha no início de "Serve
You Right", assim como ganha toneladas de volume em "Boulevard of
Broken Hearts". O solo de "Wicked Stone" é interminável, uma
performance que alcança cerca de 10 minutos de execução, para alegria de
qualquer amante da guitarra.
Quando Todd Kerns incumbe-se dos vocais em
"You're All Gonna Die" e "Doctor Alibi", uma energia
contagiante toma conta do Pepsi. Como voz substituta de Iggy Pop e Lemmy
Kilmister (intérpretes na gravação original de 2010), o baixista assume a
liderança provisória das ações. O multi-instrumentista está acostumado a esse
protagonismo, pois Todd já dividiu o tablado com nomes como Alice Cooper, Rick
Nielsen, Duff McKagan, Sammy Hagar, entre outros, além de assumir a encarnação
de Paul Stanley na banda tributo Black Diamond Kiss.
Myles retorna com o (quase) blues "Lost
Inside the Girl", e aos poucos a temperatura vai aumentando, atingindo seu
ápice em canções como "Driving Rain" e "By the Snow". Essa
é uma das constatações determinantes do atual tour - Slash não precisa mais
recorrer aos temas do Guns e do Velvet Revolver para montar um setlist, ele já
tem canções de sobra para constituir um repertório que represente seu legado
solo fora desse círculo vicioso, saindo de uma zona de conforto que muitos
permaneceriam o resto da vida - "Gosto do lugar onde o rock está atualmente, em que o pop contamina
todos os gêneros com seu filtro. O rock é a ovelha negra, e quem está tocando
rock atualmente o faz pela paixão. É a primeira vez em muito tempo que não há
dinheiro, não há fama, só o amor pela música", disse ao
jornalista Gustavo Foster, da Zero Hora.
Ok, esquecendo os idealismos, dá pra tocar apenas
uma do GnR? Slash se aproxima do amp, aumenta o volume de seu instrumento, e a
resposta vem com "Nightrain", rolo compressor/sonoro que Axl e sua
trupe sempre utilizaram como um dos clímax das apresentações nas grandes arenas
ao redor do mundo. Na sequência, para sepultar de vez essa lembrança (se é que
isso é possível), "Starlight" é a prova viva de que Slash já é um
hitmaker do rock, naquela que, convencionalmente falando, talvez seja sua
melhor canção solo até hoje. Ao vivo, quase dez anos após a gravação original,
o desempenho de Myles Kennedy soa ainda mais cristalino. Nada como o tempo para
amadurecer algumas músicas.
Um detalhe: tanto a voz de Myles quanto a guitarra de Slash em alguns momentos carecem de definição/volume, um dos pontos negativos que não chegam a prejudicar o resultado final daquilo que ouvimos.
Um detalhe: tanto a voz de Myles quanto a guitarra de Slash em alguns momentos carecem de definição/volume, um dos pontos negativos que não chegam a prejudicar o resultado final daquilo que ouvimos.
Chegando ao final da noite, "World on Fire" é também utilizada
para as apresentações da banda, com destaque para o solo de bateria de Brent
Fitz (eu detesto esses solos!). Até nesses momentos performáticos, temos a revelação
de um grupo maduro, pois tudo fica certo quando em cerca de apenas um minuto
podemos concluir que Fritz é um grande baterista. Depois de um breve intervalo,
a banda retorna para o encore com "Anastasia", um
riff, que segundo muitos, rivaliza com "Sweet Child ‘O Mine".
Exageros à parte, temos a mesa posta para um final digno: após 2h10 de
espetáculo, eis o retrato de uma formação que está pronta para alçar vôos
maiores. Após o show em Lisboa, em 15 de março, o guitarrista Frank
Sidoris publicou em suas redes: "70 dias, 35 shows, 22 países, (apenas) 13 dias de folga, 48 mil
milhas viajadas". A tour sul-americana nem havia começado ... Dez
shows depois dessa postagem, os números só continuam a aumentar.
Nossos agradecimentos a Hits Produtora pelo suporte e credenciamento. Agradecimento especial Myllena Ribeiro (Hits).
Setlist:
The Call of the Wild
Halo
Standing in the Sun
Apocalyptic Love
Back From Cali
My Antidote
Serve You Right
Boulevard of Broken Hearts
Shadow Life
We're All Gonna Die - Todd Kerns on lead vocals
Doctor Alibi - Todd Kerns on lead vocals)
Lost Inside the Girl
Wicked Stone
Mind Your Manners
Driving Rain
By the Sword
Nightrain
Starlight
You're a Lie
World on Fire
Bis:Anastasia
Halo
Standing in the Sun
Apocalyptic Love
Back From Cali
My Antidote
Serve You Right
Boulevard of Broken Hearts
Shadow Life
We're All Gonna Die - Todd Kerns on lead vocals
Doctor Alibi - Todd Kerns on lead vocals)
Lost Inside the Girl
Wicked Stone
Mind Your Manners
Driving Rain
By the Sword
Nightrain
Starlight
You're a Lie
World on Fire
Bis:Anastasia
O texto menciona a musica Boulevard of Broken Dreams... essa é do Green Day... o correto é Boulevard of Broken Heart...
ResponderExcluirCorrigido, obrigado pelo toque.
ExcluirEu achei que fosse uma cover do Hanoi Rocks, o que seria bem legal também.
Excluirby the snow onde seria by the sword
ResponderExcluir