Discoteca Básica Bizz #173: Anthrax - Among the Living (1987)



Depois da MTV e do Black Album de 1991, ficou fácil apontar o Metallica como inventor e propagador do thrash metal no planeta. Mas quem viveu a época em que o estilo nascia, de bandas como Testament, Exodus e Overkill, sabe que o (então) quinteto nova-iorquino Anthrax tem grande parte da responsabilidade na invenção do estilo. O grupo liderado pelo guitarrista Scott Ian e pelo baterista Charlie Benante sempre foi mais pé no chão, e sua originalidade e importância vêm em grande parte daí.

Scott, Charlie e os companheiros Joe Belladonna (voz), Frank Bello (baixo) e Dan Spitz (guitarra) descobriram cedo que o metal pode ser feito com bom humor, pode criticar diretamente os problemas do mundo, pode ser divertido e sacana. Aliando esses temas à guitarrada "serra-elétrica" de Scott e Spitz, além da bateria virtuosa de Charlie e dos vocais ligeiramente mais pop de Joe (fã de Journey), o grupo criou um despretensioso clássico.


Sem que se perca tempo, o disco começa com a faixa-título, que tem letra inspirada no livro The Stand, de Stephen King. De cara se conhece o estilo único do Anthrax: riffs pesados como bigornas e vocais que vão da melodia fácil dos refrães do Kiss às raias do rap (não por acaso, eles chegaram a trabalhar com o Public Enemy). A afinação de Joey marca presença, ao lado da competência dos guitarristas. E lá vem pedrada: "Caught in a Mosh" conta como o roadie (e cantor do S.O.D.) Billy Milano foi parar no hospital após se jogar do palco, enquanto "I Am the Law" apresenta o Juiz Dredd, aquele mesmo depois interpretado por Sylvester Stallone no cinema, sob uma parede de guitarras digna do Black Sabbath.

É difícil parar de pular, e isso acontece em "Indians", uma das melhores faixas da história do metal. Joey, descendente de índios, deixa as gracinhas para falar dos apaches, comanches e outros, tratados como bichos lá e aqui. A canção tem uma introdução de guitarra destinada a ocupar o drive da memória de qualquer fã de música.

Em dez canções, todas merecem atenção e nenhuma enche o saco com instrumental desnecessário. Bons tempos em que as bandas não precisavam compor 80 minutos de música para lançar um álbum.

Hoje, com apenas Scott na guitarra e John Bush no lugar de Belladonna, o Anthrax segue gravando bons discos, mas jamais repetiu a magia de sua obra-prima.

Texto escrito por Bernardo Araújo e publicado na Bizz #173, de dezembro de 1999

Comentários

  1. É uma banda que menos gosto no Trash Metal, mas gosto desse album. Parabéns ótima resenha, você é um dos meus críticos prediletos junto com Gastão. Vida Longa e Positive Vibration

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  2. realmente o Bernardo Araujo era um balsamo entre tantos críticos que inundavam a Bizz com arrogância, presunção e ignorância musical recheada de preconceitos e outras coisas mais... grandíssimo album, um dos 5 melhores da historia do thrash metal com certeza, com clássicos absolutos e eternos para o metal

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