Considerada a maior pandemia da história humana, a Gripe Espanhola assolou o mundo em 1918, matando mais de 100 milhões de pessoas em todo o planeta. No Brasil, estima-se que o vírus tenha vitimado 40 mil vidas, sendo que o Rio de Janeiro foi o estado mais afetado, com 13 mil mortes.
Este é o cenário de La Dansarina, HQ escrita por Lillo
Parra e ilustrada por Jeferson Costa e publicada pela editora Marsupial através do selo Jupati (capa brochura, formato 27,8x19,8 centímetros e 136 páginas coloridas). A dupla
conta a história de um menino que perde a mãe e vaga por cidades devastadas
tentando dar um enterro digno para a sua progenitora.
La Dansarina é, essencialmente, a história do amor
incondicional de uma mãe pelo seu filho, e de um filho pela sua mãe. Uma trama
que inicia em 1918 e estende suas raízes por um século. Parra utiliza uma das
maiores tragédias humanas como pano de fundo para contar a história das pessoas
que, muito mais que estatísticas, possuíam vidas, amores e sonhos que foram
dizimados pela praga. Seu texto é preciso e sem exageros, e constrói um roteiro
que insere elementos do folclore brasileiro na trajetória do pequeno Pedro enquanto ele busca dar um destino final digno para sua mãe.
A arte de Jefferson Costa, conhecido pela ótima Jeremias: Pele, escrita por Rafael Calça e uma das melhores edições da iniciativa Graphic MSP, traz um traço caricato e que não esconde a sua inspiração na estética popularizada por Mike Mignola e seu Hellboy. A arte de Costa não é lúdica, não é angelical, não é poética, mas transmite todas essas sensações ao construir uma narrativa gráfica precisa e que casa de maneira perfeita com o roteiro de Parra.
Graficamente, a edição da Marsupial é muito bem
produzida, com capa brochura com orelhas, introdução de Marcelo Campos
(do Quanta Estúdio, uma das principais escolas de quadrinhos do Brasil) e com
textos extras onde os autores esmiuçam o processo criativo.
Facilmente uma das melhores HQs brasileiras desta década, La
Dansarina é uma obra atemporal sobre o ser humano e as mazelas que o mundo
apresenta. Mas, sobretudo, é uma história de amor universal, capaz de emocionar
leitores de todos os cantos do mundo.
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