Review: Primal Fear – Apocalypse (2018)



Fazia muito tempo que eu não ouvia nada do Primal Fear. E, pra ser ainda mais sincero, nem sabia que a banda é agora um sexteto, formação essa que tem em Apocalypse o seu segundo registro em estúdio após a entrada em definitivo de Tom Naumann na terceira guitarra – a estreia ocorreu no trabalho anterior, Rulebreaker (2016).

Apocalypse foi lançado em agosto de 2018 na Europa e está saindo agora no Brasil pela Hellion Records. O trabalho é o décimo-segundo da banda alemã, uma das principais e mais tradicionais referências do power metal em todo o planeta. Produzido pelo baixista Mat Sinner, Apocalypse vem com onze faixas e traz um som mais moderno do que aquele que levou o Primal Fear a ser reconhecido por fãs de metal em todo o planeta. Há claras influências contemporâneas na sonoridade da banda, refletidas tanto nos timbres como na construção das canções, na forma como os riffs são tocados e nos arranjos e andamentos apresentados. A presença de três guitarras, ainda que não seja traduzida em harmonias e evoluções na escola do Iron Maiden, compensa isso com uma parede de riffs densa e pra lá de pesada. E tudo isso mantendo o universo do grupo dentro do power metal, o que não deve causar sustos aos fãs mais ortodoxos.

Algo que nunca muda no Primal Fear é a fixação pela obra do Judas Priest, e aqui não é diferente. Tanto estética quanto musicalmente, a influência de Rob Halford e companhia é uma das características mais marcantes dos alemães desde sempre. Músicas como “Blood, Sweat & Fear” reafirmam essa ascendência, algo que não é – e nem nunca foi – necessariamente um problema. Porém, é inegável que a construção de uma identidade original jamais esteve entre as prioridades da turma de Ralf Scheepers.

Tecnicamente, temos um álbum com canções bem executadas e um vocalista acima da média, como sempre. No aspecto criativo, falta aquela canção que faz o ouvido brilhar, apesar de não haver nenhuma música que possa ser classificada como ruim. O Primal Fear sempre foi uma banda com uma legião de fãs, porém jamais se elevou ao primeiro escalão do metal mundial, e os fatores já citados no texto certamente contribuíram para isso.

Apocalypse é um bom disco, onde o Primal Fear mantém a média de sua carreira. Não é algo que vá mudar o rumo do power metal nem tampouco ficar para a história, porém é um trabalho agradável para quem é fã do grupo alemão e proporciona uma audição interessante pra quem curte um metal mais tradicional e clássico.

Pedir mais do que isso para o Primal Fear seria não apenas exigir demais da banda, mas também não conhecer a história do sexteto germânico.

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