
O Aerosmith lançou seis discos ao vivo em seus quase cinquenta
anos de carreira – a banda foi formada em Boston em 1970. São eles: Live!
Bootleg (1978), Classics Live! (1986), Classics Live! II (1987), A Little South
of Sanity (1998), Rockin’ the Joint (2005) e Aerosmith Rocks Donington 2014
(2015). O assunto deste review é o disco de 2015, lançado no Brasil no mesmo
ano pela Sony/BMG.
Uma banda famosa por sua transformação em cima dos
palcos, onde a verdadeira força desse gigante do hard rock norte-americano
emerge com todos os seus poderes, o Aerosmith gravou Rockin’ the Joint no The
Hard Rock Hotel, em Las Vegas, no dia 25 de outubro de 2005. Na época a banda
promovia o disco de covers Honkin’ on Bobo, lançado um ano antes. O legal deste
registro ao vivo é que ele foge do tracklist óbvio, deixando de lado clássicos
presentes em live albums anteriores, como é o caso de “Sweet Emotion” e “Dream
On”, e resgatando pequenas pérolas da longa discografia do quinteto. Assim, estão em Rockin’ the Joint composições como “No
More No More” (do clássico Toys in the Attic, que chegou às lojas em abril de
1975), a balada “Seasons of Wither” (do segundo álbum da banda, Get Your Wings,
de 1974) e “Draw the Line” (do álbum homônimo, lançado no final de 1977).
Tocando em um palco menor e mais intimista, o Aerosmith deixa de lado a
megalomania e a grandiosidade dos shows realizados nas grandes arenas e em seu
lugar entrega uma performance mais certeira e focada. O fato de o tracklist
privilegiar canções da primeira fase da banda e deixar de lado os mega hits
gravados nas décadas de 1980 e 1990 também traz um ar saudosista e revisionista
para o show, como se a banda olhasse para a sua própria história buscando
inspiração no que a levou até ali – um exercício que arrisco dizer que deu
certo, uma vez que o disco seguinte do grupo seria o convincente Music from
Another Dimension! (2012), que apresentou uma sonoridade mais básica e que é, até
agora, o derradeiro registro do grupo.
O clima do show é tão leve que até uma canção como “I Don’t
Want to Miss a Thing”, que é um dos maiores sucessos da banda mas que está
longe de ser uma das melhores baladas já gravadas pelo quinteto, ganhou uma
releitura emocionante em cima do palco do Hard Rock Hotel.
Entre os destaques, além do resgate das canções dos
primeiros anos, vale mencionar o clima de banda de bar de “Big Ten Inch Record”
(também presente em Toys in the Attic), a versão para “Rattlesnake Shake”,
um dos cavalos de batalha da primeira fase do Fleetwood Mac (ouça a versão
original em Then Play On, terceiro disco da banda então liderada pelo vocalista e guitarrista Peter Green, de 1969) e o arregaço recorrente
que é “Train Kept a Rollin’”, aqui com uma citação à “The Star Spangled Banner”, o
hino dos Estados Unidos, no fechamento do show.
Rockin’ the Joint tem status de álbum menor na trajetória
do Aerosmith, e realmente não dá para compará-lo com os dois volumes de
Classics Live! e nem com o excepcional A Little South of Sanity, mas a
despretensão capturada em suas doze faixas traz à tona todo o espírito rock and
roll que sempre marcou a carreira do Aerosmith. Isso já é motivo suficiente
para ouvir este disco.
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