
O King Hobo é a união entre o Clutch e o Opeth. Mas, na
prática, as coisas não são assim tão preto no branco. A banda surgiu na segunda
metade da década de 2000, quando Per Wiberg, então tecladista do Opeth,
conheceu Jean-Paul Gaster, baterista do Clutch. Os dois fizeram algumas jams e
curtiram o resultado, chamaram o vocalista e guitarrista Thomas Andersson (do
Kamchatka) e o baixista Ulf Rockis Ivarsson, levaram essa experiência para o
estúdio e gravaram o disco de estreia do projeto, lançado em
2008.
Então se passarem onze anos sem nenhum novo material. Nesse
tempo, Wiberg deixou o Opeth, passou a tocar ao vivo com o Candlemass e assumiu
o baixo no Kamchatka, enquanto Gaster viu o Clutch crescer bastante e ser
aclamado pela crítica. E então, no final de maio, fomos surpreendidos com um
novo álbum do King Hobo. Mauga traz dez músicas em um álbum redondo, com muita
força e com cara de banda principal dos integrantes.
O som do King Hobo é um hard com uma pegada assumidamente
setentista. Guitarra e teclado dividem o mesmo espaço, enquanto a cozinha é
malandra e cheia de groove. O som varia entre rocks mais enérgicos e
composições com uma pegada mais viajante, onde a banda tira o pé do acelerador
e entrega momentos de inegável beleza. O Deep Purple e o Uriah Heep estão entre
as referências do quarteto, além dos próprios Clutch e Kamchatka e um bem colocado tempero psicodélico que vem direto dos anos 1960. A voz de
Andersson é um grande diferencial, além das melodias sempre bem construídas e ideias bastante agradáveis.
Mauga é um disco que está sendo pouco falado tanto pela
imprensa especializada quanto pelos ouvintes, mas acredito que isso aconteça –
principalmente no segundo caso – mais por desconhecimento de sua existência do
que qualquer outro fator.
Pois bem: após ler esse review, você não tem mais essa desculpa. Ouça agora mesmo e descubra um dos melhores álbuns de 2019.
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