
Na longa e genial carreira do canadense Neil Young, este
é considerado por crítica e público como o melhor disco da sua carreira - ainda
que muitos fãs radicais discordem com veemência. No Brasil, o disco ficou
conhecido pelo hit radiofônico "Heart of Gold" e esse detalhe foi o suficiente
para puristas rebaixarem o álbum. No entanto, Harvest é de longe
uma obra que merece respeito por tudo o que representa.
Vamos a ele então.
Após se apresentar no programa de Johnny Cash na televisão apresentando "The Needle and the Damage Done" apenas com violão, Young resolveu criar um disco mais voltado para o lado acústico - mas nem pense que a falta de guitarra elétrica em quase todo o trabalho deixa o álbum menos pesado, pelo contrário. As letras acabam compensando essa quase ausência de distorção. Grande parte do disco foi gravado em um sítio que o músico havia acabado de comprar e apresenta texturas sonoras que flertam com o country e o rock com alto teor acústico e arranjos de orquestra de fazer inveja em qualquer músico do planeta - arranjos estes saídos das mãos de Jack Nitzsche, que co-produziu a bolacha. Apoiado no estúdio pela Stray Gators, a nova banda formada por músicos de estúdio se mostrou no mesmo nível da então banda de apoio de Young, a Crazy Horse, que havia largado o barco. Vale lembrar que o disco tem a participação de seus antigos companheiros Stephen Stills e Graham Nash ajudando nos vocais, além de James Taylor e Linda Ronstadt.
Após se apresentar no programa de Johnny Cash na televisão apresentando "The Needle and the Damage Done" apenas com violão, Young resolveu criar um disco mais voltado para o lado acústico - mas nem pense que a falta de guitarra elétrica em quase todo o trabalho deixa o álbum menos pesado, pelo contrário. As letras acabam compensando essa quase ausência de distorção. Grande parte do disco foi gravado em um sítio que o músico havia acabado de comprar e apresenta texturas sonoras que flertam com o country e o rock com alto teor acústico e arranjos de orquestra de fazer inveja em qualquer músico do planeta - arranjos estes saídos das mãos de Jack Nitzsche, que co-produziu a bolacha. Apoiado no estúdio pela Stray Gators, a nova banda formada por músicos de estúdio se mostrou no mesmo nível da então banda de apoio de Young, a Crazy Horse, que havia largado o barco. Vale lembrar que o disco tem a participação de seus antigos companheiros Stephen Stills e Graham Nash ajudando nos vocais, além de James Taylor e Linda Ronstadt.
A faixa de abertura, "Out on the Weekend", é uma ode à
frustração amorosa que mescla country e folk com aquela bateria bem lenta e
pesada acompanhando uma música melancólica com direito à harmônica, pedal
steel (aquela guitarra que se toca deitada) e de quebra uma batida acústica até
certo ponto violenta. "Harvest", que dá nome ao disco, vem em seguida e dá
continuidade ao clima triste que Young imprime ao álbum. Uma aura folk dita o
ritmo desta tocante canção que reflete muito bem o estado de espírito do
canadense, que havia perdido o seu amigo e parceiro da Crazy Horse, Danny Whitten, e o roadie da Crazy Horse, Bruce Berry, ambos para overdoses de heroína. Portanto, o disco abre com dois petardos
direto na alma.
"A Man Needs a Maid" é a primeira das duas canções
acompanhadas pela London Symphony Orchestra e também despertou a primeira
polêmica, pois as feministas acusaram a canção de ser sexista, Na verdade, Young apenas lamenta a falta de sorte no amor e levanta a ideia de que os
homens deveriam simplesmente ter empregadas domésticas em vez de esposas para
protegê-los de dissabores causados pelo amor executando todos os ditos
"afazeres e deveres" de uma esposa. O medo de sofre em uma relação é
a ideia da canção. Polêmicas deixadas de lado, a canção é poderosa com um piano
limpo e entradas de orquestração aveludadas dramáticas. Goste da temática ou
não, é uma canção de presença no disco.
"Heart of Gold" tem o clima de fazenda total com James
Taylor mandando ver no banjo e backing vocal (ao lado da cantora Linda
Ronstadt), enquanto Young aparece buscando um coração de ouro - que é tão
difícil quanto encontrar ouro de verdade. Esta é a canção mais famosa do disco,
apesar de ser mais simples se compararmos com as demais. O lado A fecha
com "Are You Ready for the Country?", que ao contrário das primeiras quatro não
possui um ar dramático, bucólico e triste. Um piano bem animado serve para
amenizar um pouco o peso das letras das demais - mas o clima tenso ainda teria
mais espaço no álbum.

"Old Man" abre o segundo lado e é um dos
pontos altos, onde Young ganha como reforço novamente os vocais de apoio de Linda
Ronstadt e James Taylor. Uma melodia de banjo - tocada por Taylor - na
introdução dá lugar a uma passagem similar no violão, enquanto a letra de Young
reflete sobre envelhecer sem amar. Uma grande canção.
"There's a World" é a segunda faixa com participação
decisiva da orquestra de Londres e já abre com crescendos dramáticos de cordas
prevendo uma passagem mais silenciosa impulsionada por sopros de madeira. Uma
linda canção onde a voz de Neil Young é emoldurada pelas passagens eruditas.
Não tem como não se arrepiar.
Já "Alabama" segue a linha da antiga Crazy Horse pela
presença das guitarras distorcidas e melodias mais densas. A faixa gerou até
uma polêmica por retomar o tema de "Southern Man", de After the Gold Rush (1970), onde o Lynyrd Skynyrd respondeu às “acusações” de Neil Young
com "Sweet Home Alabama" algum tempo depois. Na letra, o canadense
ataca o estado do Alabama, seus costumes e discursa sobre a situação política
retrógrada da região (fortemente reconhecido como racista) com Young gritando
na cara de todos que Alabama tem um peso enorme nos ombros e que "isso
está quebrando suas costas".
"The Needle and the Damage Done" (que citamos no começo,
aquela que ele tocou no programa de Cash, lembra?) é uma homenagem aos amigos
falecidos de Young - Danny Whitten e Bruce Berry - e traz
apenas Neil e seu violão ao vivo na UCLA, enquanto "Words (Between the Lines of Age)" fecha o disco com um rock mais pesado, mas simples e bem trabalhado.
Se tivesse que escolher apenas uma para ouvir? Vamos com "Out on the Weekend" então!
Aroldo Antonio Glomb Junior tem 41 anos, é jornalista, Athleticano e fanático por boa música desde que completou seus 10 anos de idade. É o autor do projeto SOBRE O SOM DOS SETENTA, que reúne resenhas de diversos discos lançados durante os anos 1970, escrevendo desde clássicos da década até discos mais obscuros, independente do estilo.
Denso e perfeito, Neil Young puro. Curto demais esta pérola! Classic Rock tenho muitas relíquias. Podemos trocar experiências... Vlw!
ResponderExcluir