
Segundo álbum da banda, Reason (2005) é o sucessor de
Ritual (2002) e o último a contar com a formação clássica do Shaman: Andre Matos, Hugo
Mariutti, Luiz Mariutti e Ricardo Confessori. Durante a turnê que promovia o disco, desencadearam-se uma série de desentendimentos entre os integrantes, o
que fez com que a banda se dissolvesse, restando a Ricardo Confessori (único
dos membros originais a permanecer) promover a entrada de Thiago Bianchi, Léo
Mancini e Fernando Quesada. Esse novo time gravou Immortal (2007) e o
conceitual Origins (2010).
Reason é um álbum direto ao ponto. De cara, temos um
exemplo disso com o início repentino da ótima e pesada "Turn Away", sem as habituais sinfonias de abertura contidas nos discos
do Angra e no debut da banda. Outro ponto
alto é "More", um cover (muito melhor
que o original) do Sisters of Mercy - banda icônica integrante do movimento
post-punk juntamente com Joy Division, The Cure, entre outras. A faixa conta com
o auxílio vocal de Amanda Somerville (Kiske/Somerville, Avantasia) e nela Andre canta em tons mais baixos que o normal, o que se repete em outros momentos do
disco.
Na sequência temos "Innocence",
uma linda balada que foi escolhida para ser o single do álbum e que traz um
piano tocado com extremo bom gosto e um solo de guitarra simples e que casa
perfeitamente com a música. A outra balada é "Born to Be", que fecha o álbum de forma brilhante. No final, ouve-se
Andre fechando o piano e caminhando em direção à saída da sala, uma ótima ideia
para encerrar um disco.
"Scarred Forever"
é a melhor música do álbum, com refrão marcante, daqueles que ficam na cabeça
do ouvinte por dias seguidos. Hugo toca um riff influenciado por Zakk Wylde, um
de seus ídolos.
Após as cinco primeiras faixas, ocorre uma queda de
qualidade, com três músicas bem abaixo das demais: "In the Night", "Rough Stone"
(que não empolga no início, mas melhora do meio para o final e encerra
pesadíssima) e "Iron Soul". "In the Night" tem uma introdução que remete
ao rap, interrompida por um riff de Hugo, que demonstra um amadurecimento
enorme nesse álbum, uma aula de como fazer uma banda soar pesada e coesa com
apenas um guitarrista (a química entre os teclados de Fábio Ribeiro e as linhas
de guitarra funciona muito bem). Muito mais do que o esperado para quem foi
inicialmente convidado apenas para quebrar um galho nos ensaios iniciais da
banda até que um guitarrista definitivo fosse encontrado.
"Trail of Tears" é a
única faixa power metal e a que mais se assemelha ao trabalho anterior.
Nela, o vocalista canta na zona mais aguda que o consagrou.
Reason foi um disco incompreendido na época do seu
lançamento. O power metal é praticamente escanteado nesse álbum e substituído
por uma sonoridade soturna e densa, que faz lembrar o Paradise Lost em alguns
momentos (ouça o início da faixa título e comprove). Um bom disco, que traz uma banda mais madura
e segura, sem medo de quebrar rótulos e inovar. Certamente é o trabalho mais
pesado da carreira de Andre Matos.
Por Diego Colombo
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.