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Na transição da avalanche do Guns N' Roses para a
devastação do Nirvana, a biosfera pop foi assolada pela febre Faith No More. A
década de 1990 engatinhava quando o grupo californiano sugeriu uma opção viável -
artística, estética e comercialmente - ao modelo personificado por Axl Rose.
Antes de Kurt Cobain dominar a paisagem, Mike Patton tornou-se o cara a ser
imitado e The Real Thing o som a ser perseguido.
Era o terceiro disco de uma banda que ameaçava decolar desde a boa receptividade do single "We Care a Lot", de Introduce Yourself (1987). Para Patton, a estreia em uma formação que, por muito menos do que ele fazia à frente de seu outro grupo, Mr. Bungle, já havia expulsado o ex-vocalista, Chuck Mosely.
Segundo uma divindade do rock é rock mesmo, no mínimo duas dessas três condições têm de estar rolando para uma banda se manter unida: os integrantes serem muito amigos, gostarem muito da música que fazem ou estarem ganhando muito dinheiro. Patton não era amigo de ninguém ali. Mas o barulho que compunham segurou a onda até a grana começar a rolar.
Do choque entre o vocalista e um baixista mandão (Billy
Gould), um tecladista new wave (Roddy Bottum), um guitarrista heavy (Jim
Martin) e um baterista tentacular (Mike Bordin) resultou uma sonoridade
alérgica a rótulos. Funk metal, simplificou a coisa, escorado pelo peso
quebrado de "Falling to Pieces", "From Out to Nowhere"e
"Epic".
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Mas o menu de The Real Thing oferece outros
sabores. A versatilidade de Patton - ora debochado, melódico, feroz, ora
canastrão -, desafia e é desafiada pelos demais integrantes em "Underwater
Love", "Surprise! You're Dead" ou "Zombie Eaters".
Funk, se possível. Pop, se necessário. Metal, de preferência.
Na época, Patton dizia imaginar o futuro mais com a cara de "Easy" (Commodores) do que da versão de "War Pigs" (Black Sabbath), gravada em The Real Thing. Não foi o que se ouviu no disco seguinte. Igualmente brilhante e difícil, Angel Dust (1992) fincou os pilares para a construção do nu metal.
Para o Faith No More, quanto mais pesado, maior o tombo.
Belo texto...!
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