O Barão Vermelho começa a terceira fase de sua carreira
com Viva. Primeiro álbum com canções inéditas das banda carioca em 15 anos,
desde o auto intitulado disco lançado em 2004, o trabalho é o primeiro com o
vocalista e guitarrista Rodrigo Suricato, que substituiu Roberto Frejat em
2017. O trio restante possui história longa: o baterista Guto Goffi (um dos
fundadores da banda), o tecladista Maurício Barros (co-fundador do grupo) e o
guitarrista Fernando Magalhães (desde 1986 no Barão).
Suricato possui um timbre semelhante ao de Frejat, e isso
ameniza, em alguns aspectos, o sentimento de vazio ao ouvir o primeiro álbum da extensa trajetória do Barão – a banda foi fundada em 1981 no Rio de Janeiro – sem
o vocalista e guitarrista. Se nos seus primeiros anos a banda dava forma às
letras incríveis de Cazuza, no longo período com Frejat à frente o Barão foi do
mergulho no rock e no blues até momentos descaradamente pop e que
descaracterizaram o som do grupo, vide Puro Êxtase (1998).
Em Viva, que foi produzido pelo próprio Maurício Barros e traz uma linda capa criada por Alberto Pereira,
temos um disco essencialmente de rock, com um clima ensolarado e letras que olham
para o passado enquanto apontam para o futuro. As canções fazem questão de enfatizar
a união da formação atual – ouça a letra de “Jeito”, por exemplo – e,
musicalmente, trazem uma sonoridade enxuta e crua, um rock básico e cheio de
energia e que contrasta com a época em que o falecido Peninha encorpava as
canções da banda com a sua percussão personalíssima.
A maior curiosidade dos fãs fica por conta da
participação de Rodrigo Suricato, e ele não decepciona. Confesso que nunca
acompanhei o seu trabalho anterior na banda que levava o seu sobrenome, mas em
Viva Suricato assume o controle e leva o Barão Vermelho por um novo caminho promissor
e que, ainda que não alcance o nível da clássica época com Cazuza ou de obras-primas como Na
Calada da Noite (1990) e Carne Crua (1994), mostra autenticidade e tesão para
seguir em frente.
Entre as músicas, destaque para o clima blues na estrada
da ótima “Eu Nunca Estou Só” (com participação do rapper BK), o pop rock de “Por
Onde Eu For” (com ótima letra), a cativante “Jeito”, o rock cru e bem Stones de “Tudo por
Nós 2”, a balada “A Solidão Te Engole Vivo” e o doce encerramento com “Pra Não
Te Perder”, com participação de Letrux.
Viva é um retorno inesperado de uma banda que fez
história e é fundamental para o rock brasileiro. E melhor: o disco é muito
melhor do que todos estavam esperando.
Assim como o rock, o Barão segue vivo. E isso é demais!
Sou meio chato com esse negócio de mudança em banda, mas tem muita gente recomendando esse novo Barão. Eu, pra dizer a verdade só tenho gosto pela fase Frejat. Não gosto nem dos discos com Cazuza. Acho que as canções gravadas por Cazuza soam melhor na interpretação do Frejat. Não tenho ânimo pra encarar essa nova fase.
ResponderExcluirTe entendo, ouça somente a música "Castelos", cara a melhor do disco, se lançada nos anos 90 seria um hit.
ExcluirEsse CD VIVA me surpreendeu pela qualidade das músicas e o time de músicos está em ótima forma! !
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