Review: Volbeat – Rewind, Replay, Rebound (2019)



O metal possui algumas bandas com sonoridades bem particulares. O quarteto dinamarquês Volbeat certamente se enquadra nesse grupo. Com uma música extremamente cativante, o grupo une elementos do Metallica dos anos 1990 com um certo acento da onda punk da mesma época, tudo embalado por uma atmosfera pop onipresente e vocais ao estilo Elvis Presley e Johnny Cash. O resultado é um som grudento, atraente e agradável, que tem conquistado multidões de fãs a cada novo lançamento.

Rewind, Replay, Rebound é o sétimo disco da banda formada por Michael Poulsen (vocal e guitarra), Rob Caggiano (guitarra, ex-Anthrax), Kaspar Boye Larsen (baixo, na banda desde 2016 mas que faz a sua estreia em estúdio aqui) e Jon Larsen (bateria). O álbum foi produzido por Jacob Hansen ao lado de Poulsen e Caggiano, traz quatorze músicas e é o sucessor de Seal the Deal & Let’s Boogie (2016). Neil Fallon, vocalista do Clutch, participa da faixa “Die to Live”, que conta também com Raynier Jacob Jacildo no piano e Doug Corocran no saxofone. Gary Holt, guitarrista do Slayer e do Exodus, faz o solo em “Cheapside Sloggers”.

Musicalmente, o álbum varia entre o metal, o pop (que ganha destaque maior em relação aos outros discos) e o country. Músicas como “Last Day Under the Sun” e “Rewind the Exit” trazem o Volbeat explorando caminhos que até então não havia pisado. Ambas são extremamente radiofônicas, com “Last Day Under the Sun” até deixando o peso em segundo plano. Não há nada de errado em unir o metal ao pop, tanto que o próprio Volbeat fez isso com primor diversas vezes no passado, porém essas duas canções ficam abaixo do que a banda já gravou seguindo essa pegada mais acessível. 

Inquieto, o grupo acerta ao experimentar a união entre o rockabilly, o pós-punk e o metal em “Sorry Sack of Bones”, uma canção que soa totalmente diferente de tudo que o grupo já fez. “Die to Live” é uma das melhores do disco e tem um clima de bar do velho oeste, com Poulsen e Fallon se alternando na voz principal e  com direito a um piano safado dando todo o clima de malícia que a letra pede. A presença de Gary Holt chama a atenção em “Cheapside Sloggers”, uma canção tipicamente Volbeat que bruscamente desacelera para introduzir um solo incrível em sua parte central e é uma das melhores do play. Outros ótimos momentos estão em “Pelvis on Fire” e na parte final do álbum, com o trio “Leviathan”, “The Awakening of Bonnie Parker” e “The Everlasting” fechando o disco com chave de ouro na companhia da balada “7:24”.

A questão central em torno do Volbeat é que Michael Poulsen sempre teve o toque de Midas para criar composições que cativam de forma imediata. Pontes melódicas proliferam antes dos refrãos, que são sempre muito bem desenvolvidos e pensados para funcionar ao vivo. Em Rewind, Replay, Rebound esta fórmula não está assim tão efetiva quanto foi em álbuns anteriores. Trata-se de um disco ruim? Não, longe disso, mas a banda inegavelmente já fez melhor.

E fica a pergunta: por que diabos os discos do Volbeat nunca saem aqui no Brasil?

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