O Fleetwood Mac foi um dos maiores fenômenos de
popularidade que o rock presenciou na segunda metade dos anos 1970. A partir da
entrada do (então) casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks em 1975, a banda
liderada pelo baterista Mick Fleetwood viveu o auge comercial de sua longa
carreira. O auto-intitulado disco de 1975 emplacou hits como “Rhiannon” e
vendeu mais de 7 milhões de cópias, Rumours é uma peça de ourivesaria pop e
alcançou mais de 30 milhões de cópias comercializadas e o duplo Tusk, de 1979,
vendeu “apenas” 3 milhões.
A banda então decidiu dar uma parada, com os músicos
gravando álbuns solos. Stevie Nicks reuniu demos antigas, ideias não
aproveitadas no Fleetwood Mac, chamou os amigos, montou uma nova
banda e lançou o seu disco de estreia como artista solo. E que amigos: participam
de Bella Donna nomes do porte de Tom Petty, Mike Campbell (parceiro de Petty
nos Heartbreakers) e os Eagles Don Felder e Don Henley, esse último seu antigo
affair. No comando da produção estava o amigo pessoal Petty e Jimmy Iovine, que
tinha no currículo clássicos do porte de Born to Run (1975), de Bruce
Springsteen. Não tinha como dar errado, e não deu.
Bella Donna chegou às lojas em 27 de julho de 1981 e foi
um sucesso imediato. O disco alcançou o primeiro lugar nos Estados Unidos
liderando o Billboard 200, emplacou quatro singles – “Stop Draggin’ My Heart
Around” com a participação de Tom Petty, “Leather and Lace” ao lado de Don
Henley, a imortal “Edge of Seventeen” e “After the Glitter Fades”.
Musicalmente, Stevie Nicks não se distanciou do universo
do Fleetwood Mac em Bella Donna. As faixas trazem aquela união alquímica entre
rock e pop, com melodias fortes e refrãos ganchudos. A ausência do toque de
Midas de Lindsey Buckingham, famoso pelo seu trabalho de refinamento no estúdio
para dar cara aos hits da banda, é compensando com uma pegada mais pessoal e
pela exploração ainda mais livre de sua persona artística. Isso se traduz em
músicas como a canção que batiza o disco, a ótima parceria com Petty em “Stop
Draggin’ My Heart Around” (retribuída no mesmo ano em “Insider”, música do
álbum Hard Promisses de Tom), “Leather and Lace” e “Outside the Rain”.
Mas o grande destaque do trabalho é “Edge of Seventeen”.
A letra fala sobre a morte de seu tio Jonathan, de quem era muito próxima, e do
chocante assassinato de John Lennon, ocorrido em 8 de dezembro de 1980 em Nova
York. Ambos perderam a vida na mesma semana, e isso abalou profundamente
Stevie. O título surgiu de uma conversa de Nicks com Jane, primeira esposa de
seu grande amigo Tom Petty, onde Jane contou que conheceu Tom aos dezessete
anos, porém o forte sotaque sulista fez com a frase soasse como “edge of
seventeen” ao invés de “age of seventeen”. O guitarrista Waddy Watchel, que
toca com a vocalista até hoje, se inspirou no riff de “Bring on the Night” do
The Police. A pomba de asas brancas citada na letra simboliza o espírito que
deixa o corpo após a morte, com o trecho em que Stevie canta “ohh baby ooh” acompanhada
pelas backing vocals simbolizando uma pomba cantando. A música chegou ao 11º
lugar nos Estados Unidos e se transformou na canção mais marcante da carreira
solo de Stevie Nicks e um dos grandes clássicos compostos pela vocalista ao
lado de pérolas como “Rhiannon”, “Dreams” e “Silver Springs”, gravadas com o
Fleetwood Mac.
Bella Donna vendeu mais de 4 milhões de cópias e foi
relançado em uma edição remasterizada comemorativa
e expandida pela Rhino em 2016, edição essa que traz 3 CDs e 35 faixas.
Um disco obrigatório de uma das maiores vozes da música.
O disco em si é legal, mostrando que ainda havia vida para Stevie Nicks após o fim do Fleetwood Mac. Tem músicas bacanas sim, porém continuo achando "Edge of Seventeen" sua faixa mais famosa, chata demais...
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