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Jonathan Hickman é um dos principais roteiristas de quadrinhos da atualidade e possui no currículo várias obras aclamadas tanto pela crítica quanto pelo público. Projeto Manhattan, Quarteto Fantástico, Vingadores, Infinito, a nova versão de Guerras Secretas e a atual revolução vivida pelos X-Men (lá fora, pois aqui no Brasil a série ainda não foi lançada) mostram uma mente criativa e capaz de construir sagas longas e cativantes.
The Black Monday Murders é um dos seus trabalhos mais
celebrados. Nesse título, que é publicado pela Image Comics nos Estados Unidos
desde 2016 e acaba de ser lançado no Brasil pela editora Devir, Hickman
apresenta uma saga que mergulha na economia mundial, unindo o mercado financeiro
à magia e ao consequente poder de seus protagonistas. O título faz alusão à
Segunda-Feira Negra, como ficou conhecida a quebra da Bolsa de Nova York em
1987.
Desenvolvida com o ilustrador Tomm Coker (Demolidor Noir,
Undying Love, Blood & Water), The Black Monday Murders: Dinheiro, Poder e
Magia - Volume 1 (240 páginas, capa brochura, papel couché) traz uma realidade em que a
economia mundial é controlada por grupos financeiros formados por famílias de
elite, que acumulam poder graças a um pacto realizado com uma entidade anos atrás. O primeiro encadernado publicado pela Devir reúne as quatro
primeiras edições da série e mostra os movimentos iniciais de uma história que se
revela complexa e densa, e que se desenvolve sem pressa. Hickman alterna entre
a narrativa convencional dos quadrinhos e páginas trazendo apenas textos, onde
complementa o que está contando aos leitores. Essa escolha não compromete a
leitura, ao contrário, e acaba funcionando como uma espécie de pausa para a ação ilustrada por Coker. No meio disso tudo temos os
tradicionais símbolos tanto amados pelo roteirista – se você acompanhou a sua fase
nos Vingadores saberá do que estou falando -, que aqui funcionam como uma
língua própria e até agora não totalmente explicada entre os humanos e as
divindades contatadas por eles.
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É muito intrigante desvendar o universo imaginado por Hickman em The Black Monday Murders. O roteirista pega fatos aterradores da vida real, como os suicídios dos operadores da bolsa tanto em 1929 quanto em 1987, e os reinterpreta como sacrifícios devidos ao deus Mamom, a divindade por trás do poder exercido pelas famílias apresentadas no roteiro. A trama é cheia de mistérios e reviravoltas, uma verdadeira tapeçaria composta por diversos atores, onde ninguém é puramente herói ou vilão.
A arte de Tomm Coker é maravilhosa. Adornando influências
do fotorrealismo com interferências gráficas do universo noir e uma colorização
baseada em tons mais fechados e sombrios assinada por Michael Garland (Projeto
Manhattan, X-Men, Cavaleiro da Lua), ela amplia o clima denso do roteiro.
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Entre os personagens, destaque para os integrantes da família Rothschild, protagonistas entre as famílias de financistas e que são inspirados em um clã que realmente existiu e sempre esteve envolvido em teorias da conspiração – a associação com personagens reais é outra ótima sacada de Hickman –, e para o investigador Theodore Dumas, que mergulha junto com o leitor nesse universo fascinante.
A edição da Devir para The Black Monday Murders possui uma
qualidade gráfica impressionante, com um cuidado realmente meticuloso,
resultando em uma material muito bonito e que realça ainda mais o excelente
trabalho feito por Hickman e Coker.
Sem sombra de dúvida uma das melhores HQs publicadas no
Brasil em 2019. E que venha logo o segundo encadernado!
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