Quase oito anos após o lançamento de seu disco de estreia,
o British Lion retorna com o seu segundo trabalho. Para os desinformados, trata-se
da outra banda de Steve Harris, que o mundo conhece como baixista, líder e
principal compositor do Iron Maiden.
Os atributos usados para apresentar Harris aos leitores
também servem de parâmetro para o que será ouvido nos dois álbuns do British
Lion. Steve está no comando do Maiden há mais quarenta anos, sendo autor de
aproximadamente 75% ou mais de todas as canções gravadas pela lendária banda
britânica. Assim, é lógico que, ao montar um novo projeto, ele explore aspectos
da sua musicalidade que não são adequados ao Iron Maiden. Esse é o ponto
central para se entender como o British Lion soa.
Ou seja, não há nada do Iron Maiden aqui, a não ser Steve.
Esse é o primeiro ponto. O segundo é que o baixista explora caminhos mais leves
e sem o apelo grandioso e épico comuns à sua “outra banda”. Em suma: a razão de
existir do British Lion é dar vazão para Steve Harris fazer um som diferente do
que ele fez há quatro década no Iron Maiden. E é exatamente isso que o baixista
entrega em The Burning, cuja arte da capa foi criada pelo designer brasileiro
Gustavo Sazes.
Há uma evolução em relação ao auto intitulado primeiro álbum,
principalmente em relação ao vocal de Richard Taylor. Massacrado na estreia do
projeto, Taylor soa não apenas mais maduro mas também mais ciente de suas limitações. Seu registro não tem nada a ver com o de Bruce Dickinson, e
esse foi um dos tons principais das críticas que o disco de 2012 recebeu, mas a
ideia aqui é, lembrem-se, não soar como o Maiden. Além da performance menos
afetada de Taylor percebe-se uma evolução também no trabalho de guitarras,
executado pela dupla David Hawkins e Grahame Leslie, que entrega belas
harmonias e solos competentes. O baterista Simon Dawson completa a formação.
O som do British Lion pode ser definido como um rock que
bebe no lado clássico dos anos 1970, porém quase que exclusivamente nas
sonoridades mais suaves daquela década – as influências pesadas e progressivas
são a praia do Maiden. Assim, o resultado acaba soando como uma espécie de
união entre o rock clássico e o pop, com alguns flertes com o rock alternativo
no meio da jogada.
A conclusão é que o som do British Lion não é para a
maioria dos fãs do Iron Maiden. Quem espera ouvir qualquer semelhança com a
Donzela de Ferro nas onze faixas de The Burning quebrará feio a cara. Mas nem
por isso a música deixa de ser boa. Esse segundo disco do British Lion soa mais
redondo que o primeiro, e um dos fatores passa pela mudança na abordagem vocal
de Taylor. As músicas também estão melhor resolvidas, com influências que vão de
Fleetwood Mac a sutis flertes com a AOR. Refrãos fortes são abundantes e tornam canções como “Land of the Perfect People”, “City of Fallen Angels”, “Legend” e "Spit Fire" momentos de óbvio destaque.
É bom ouvir Steve Harris respirando outros ares fora da
galáxia do Iron Maiden. Se os fãs vão curtir esse arejamento ou não, é problema
deles. Só posso falar por mim: eu gostei.
Eu achei muito melhor que o primeiro.
ResponderExcluirAinda não tinha ouvido. Um baita ganho com relação ao primeiro deles. Gostei muito, a sonoridade é bem isso, anos 70 com produção deste século. Vocais limpos, uma ou outra levadinha do baixo do Harris. Não havia colocado como um dos meus preferidos em 19, por não ter ouvido, mas entraria na minha lista de 50.
ResponderExcluirAchei um pouco melhor que o primeiro. Tem algumas músicas interessantes. O som é bastante focado na ótica de Steve, como um grande fã desse estilo de rock alternativo, combinou com toques progressivos em algumas faixas. Mas algumas músicas ficaram muito fracas e enjoativas. Ainda faltam muitas coisas nesse som, na minha opinião.
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