Oitavo álbum do Metallica.
Lançado em 5 de junho de 2003.
Gravado entre abril de 2001 e abril de 2003 no Metallica
Headquarter, em San Rafael, na California.
Produção de Bob Rock ao lado da banda.
Último disco do Metallica assinado por Bob Rock.
A chegada e a saída de Bob Rock foram marcantes. O primeiro, que foi o Black Album (1991), mudou de maneira
profunda a sonoridade do grupo e transformou o Metallica em uma mega banda. E o último foi extremamente problemático e com uma
produção pra lá de controversa.
St. Anger foi o último disco do Metallica lançado pela
gravadora Elektra, em uma parceria que começou em 1986 com Master of Puppets
e durou 17 anos.
É o único álbum da banda a não contar com um baixista
oficial.
Jason Newsted deixou a banda em janeiro de 2001 e o
instrumento foi tocado pelo produtor, Bob Rock.
Robert Trujillo, seu substituto, só foi anunciado no
final de fevereiro de 2003.
Existe uma edição dupla de St. Anger que vem com um DVD,
onde Trujillo toca com a banda todas as músicas do álbum no formato de vídeo.
E é também o único álbum do Metallica a não contar com
nenhum solo de guitarra, o que, aliado à sonoridade suja e crua, foi um dos pontos
mais criticados do disco.
Para a gravação a banda alugou um enorme e antigo quartel
do exército norte-americano em uma área militar chamada de Presidio, em San
Francisco, onde se instalou e começou a desenvolver as ideias do disco.
O longo tempo de gravação, dois anos entre abril de 2001
e abril de 2003, é explicado pela pausa necessária devido à entrada de James
Hetfield na reabilitação para tratar do seu problema com álcool.
A gravação parou em julho de 2001 e James só retornou à banda
quase nove meses depois, porém sua rotina pós-rehab só permitia que ele
trabalhasse no álbum entre o meio-dia e às quatro da tarde, o que tornou tudo
ainda mais lento.
Com o retorno de James, em maio de 2002 a banda mudou a
gravação para um estúdio em San Rafael, também na California.
A banda atravessava um dos seus períodos mais turbulentos
com a saída de Jason e as constantes brigas entre James e Lars Ulrich. Lars
ficou descontente com os novos horários de James e discutiu com ele em uma das
cenas do documentário Some Kind of Monster, lançado em 2004 e que mostra todo o processo de
nascimento do disco.
Esse filme também tem outro momento marcante no surto que
James dá uma surtada no estúdio, abandonando a banda e partindo para a reabilitação.
Para tentar amenizar os ânimos a banda contratou o
psicólogo Phil Towle, especialista em relações humanas, que passou a aconselhar
os músicos.
Para entender melhor St. Anger é imprescindível assistir ao documentário Some Kind of Monster, que foi gravado durante três anos e mostra
todo o processo de composição e gravação do álbum. Nele ficam escancarados os problemas da banda e como o
disco é uma colcha de retalhos montada, principalmente, por Bob Rock a partir
de ideias soltas de James, Lars e Kirk Hammett.
Segundo James: “O disco foi escrito com muita paixão. Há
dois anos de emoção condensada nas suas onze músicas. Passamos por muitas
mudanças pessoais e lutas internas, é um trabalho bastante profundo tanto lírica
quanto musicalmente. St. Anger foi o melhor que conseguimos produzir naquela
época”.
A banda queria um som bruto e longe da sonoridade mais
grandiosa e polida que marcou a sua música a partir de chegada de Bob Rock no
Black Album. Segundo Bob Rock: ”Para mim, esse álbum soa como quatro
caras em uma garagem se reunindo e escrevendo músicas de rock. Realmente não
havia tempo para obter performances incríveis de James. Gostamos das
performances cruas”.
Kirk comentou sobre a polêmica falta de solos de
guitarra: “Queríamos preservar o som de nós quatro em uma sala apenas
tocando. Tentamos colocar solos de guitarra, mas não estava funcionando nas
músicas. Prometemos a nós mesmos que manteríamos apenas as canções que tivessem
integridade. Não queríamos encher o disco de overdubs, não era coerente com a
abordagem que seguimos no álbum”.
O principal ponto de discussão de St. Anger é o som de
bateria. Lars tirou as esteiras da caixa da bateria em busca de um som mais
bruto. Segundo o baterista: “Um dia esqueci de instalar a esteira e acabei
gostando do que estava ouvindo, tinha um ambiente diferente”.
Além disso, Bob Rock comentou que ele e Lars falaram por apenas 15 minutos sobre como deveria ser o som da bateria. Isso vindo de um
cara que passou seis meses para achar o som do seu instrumento no Black Album e
contratou Bob Rock principalmente pelo som de bateria de Dr. Feelgood, do
Mötley Crüe, é algo bem estranho até hoje.
O disco desde então sofre críticas pela sua bateria,
que, segundo diversos textos, parece tocada “em latas de tinta”.
A capa e o encarte foram criados por Brian “Pushead”
Schroeder, ilustrador norte-americano que possui uma longa associação com as
cenas metal e hardcore, e que já havia trabalhado com o Metallica criando
camisetas, cartazes de shows e outros itens. Ele criou quatro variações de cores para a capa, e a
escolhida acabou no disco.
Musicalmente, St. Anger desvia totalmente da sonoridade
clássica do Metallica e dos caminhos seguidos a partir do Black Album e
intensificados em Load e Reload, trazendo elementos de metal alternativo, nu
metal e groove metal, além de uns toque de speed metal aqui e ali. O caminho seguido, com riffs mais diretos e simples,
não se encontra em nenhum outro álbum da banda.
“Frantic” abre o disco falando sobre o vício,
principalmente o alcoolismo de James e que o levou à reabilitação durante a
gravação do álbum.
“St. Anger” traz uma letra que fala sobre como controlar
a raiva e transformá-la em algo positivo.
“Some Kind of Monster” fala sobre os fardos, culpas e
arrependimentos que todo ser humano carrega durante a vida.
“Dirty Window” fala sobre uma pessoa que se enxerga de
maneira totalmente oposta ao modo como o mundo a vê.
“Invisible Kid” fala sobre a dor que uma criança sente
quando é renegada pelos pais.
“My World” conta a história de uma pessoa com
esquizofrenia e com a mente perturbada.
“Shoot Me Again” traz uma letra sobre vingança e a luta
para não se deixar contaminar por esse sentimento.
“Sweet Amber” traz James Hetfield cantando novamente sobre a sua
luta contra o alcoolismo.
“The Unnamed Feeling” fala sobre o sentimento
indescritível e inominável que um indivíduo sente quanto está próximo de perder
o controle de sua vida.
“Purify” traz uma letra sobre seguir em frente e mais uma
vez aborda o alcoolismo de James.
E “All Within My Hands” fala sobre como o amor obsessivo
pode destruir um relacionamento.
Das onze faixas do disco, apenas seis foram tocadas ao vivo: “Frantic”, “St. Anger”, “Dirty Window”, “The Unnamed Feeling”, “Some Kind of Monster” e “Sweet Amber”. As demais nunca foram tocadas ao vivo.
E tanto “Frantic” quanto “St. Anger” são tocadas até hoje
nos shows da banda, de maneira frequente.
“All Within My Hands” passou a ser executada de maneira
acústica pela banda os últimos anos e dá nome à fundação que a banda criou e
que ampara e dá apoio à educação e outras questões sociais.
O disco dividiu a crítica.
Segundo o PopMatters, embora a percepção geral que o
álbum transmite seja de uma bagunça, é também a primeira vez em anos que a
banda toca com paixão a sua música.
Já o Blender disse que, após St. Anger, pode ser tarde
demais para reabilitar a imagem do Metallica.
A NME, ícone do jornalismo musical alternativo, adorou o
disco e afirmou que a banda recomeçou do zero em St. Anger, que o disco não tem
nenhum espaço desperdiçado e não perde tempo com solos de guitarra ou truques
mirabolantes de baixo, apenas um ataque concentrado de fúria implacável.
O AllMusic elogiou o disco afirmando que o álbum leva o
ouvinte para dentro do corpo ferido do Metallica, revelando os demônios que
habitam no interior de James Hetfield.
A Rolling Stone elogiou St. Anger afirmando que o disco
transparece autenticidade e fúria, sem nada da exigência comercial e influência
do rock moderno presente nos álbuns anteriores.
E o Pitchfork detonou o disco dizendo que a banda estava
tocando uma bateria composta por tambores de aço e com timbre de alumínio, e
que as guitarras passaram por mais processamento do que comida para gato.
St. Anger estreou em primeiro lugar em 14 países, chegou
ao número 1 da Billboard, vendeu mais de 2 milhões de cópias nos Estados
Unidos e superou as 6 milhões de cópias em todo o mundo.
O disco rendeu quatro singles: “St. Anger”, “Frantic”,
“Some Kind of Monster” e “The Unnamed Feeling”, e o clipe de “St. Anger” foi
filmado na icônica prisão de St. Quentin, um dos mais violentos e famosos
presídios dos Estados Unidos, localizado na California.
MINHA OPINIÃO
St. Anger é um disco difícil e incômodo. A abordagem das músicas é diferente, a performance da
banda é problemática, há falhas em todos os cantos.
A busca pela autenticidade que a banda queria acabou
refletindo na produção. O problema não está apenas na bateria de Lars, que é o
ponto mais crítico do disco certamente, mas também em outros aspectos. As guitarras tentem ser sujas e só conseguem soar
anêmicas e sem força. O vocal de James não passou por um refinamento na pós-produção e, ao
mesmo tempo em que é doído e verdadeiro, também traz
escorregadas e desafinações durante todo o álbum.
O trabalho de composição, na maioria das músicas, nem foi
bem um trabalho de composição, como mostra o documentário Some Kind of Monster. O produtor conseguiu pegar pequenos trechos de músicos e
ordená-los em músicas, e isso faz com que o álbum soe como uma grande
colagem de ideias mal desenvolvidas.
No entanto, St. Anger tem ao menos duas músicas fortes e que valem a pena, justamente as suas primeiras: “Frantic” e “St. Anger”, sendo que a faixa título acabou ganhando uma dimensão ainda maior devido ao seu icônico clipe.
O restante soa como um disco ruim e inacabado de nu
metal, com o Metallica buscando inspiração em bandas como KoRn, Slipknot e até
mesmo nos primeiros trabalhos do Soulfly e na fase final do Sepultura com Max, mas
falhando miseravelmente.
Uma produção melhor consertaria alguns dos problemas do
disco, mas de modo geral as músicas são fracas e pouco inspiradas.
É o ponto mais baixo da discografia da banda e reflete
um dos momentos mais conturbados e problemáticos da carreira do Metallica, com
James indo para a reabilitação, a saída de Jason e o quase fim do grupo.
Acho este disco sensacional e entra no meu top 5 da banda! Quanto aos integrantes do Metallica, é uma pena que os caras pareçam ter uma ojeriza ao ST ANGER, talvez porque o álbum condense em si todos os perengues da banda naquele momento. Tem uma cena incrível no documentário que vem como extra no dvd do BIG FOUR: um fã dá o ST ANGER para o James autografar. James olha o cd com atenção e pergunta ao fã se ele tem certeza de que quer que aquela "porcaria" seja autografada. O fã responde que sim e que gosta do disco. James ao ouvir isso responde, resignado: "É, tem gosto prá tudo!"...
ResponderExcluirNunca tive coragem de ouvir esse disco. Só conheço as duas que renderam clipe mesmo e detestei. Depois de Load e Reload que são álbuns que eu não gosto, eu larguei mão. Retornei no Death Magnetic e gostei bastante. Acho que vou ouvir o St. Anger pra confirmar se é a porcaria que eu penso que é.
ResponderExcluirSempre achei sensacional, pela forma como reflete exatamente a urgência que a banda vivia no momento, e por isso mesmo, sedo uma expressão artística das mais honestas e legítimas, sem qualquer polimento ou apara. Para mim, uma sessão de terapia musicada, exorcismo mesmo, especialmente se atentarmos às letras, todas relacionadas a problemas muito comuns, ansiedade, depressão...Pode não ser o mais icônico álbum da banda, mas sem dúvida, é o mais sincero e sanguíneo. principalmente The Unnamed Feeling, que é a descrição exata e acurada de um ataque de ansiedade. James nunca foi tão honesto sobre si quanto ali, e talvez seja mesmo essa a razão do incômodo. Deve ser um daqueles períodos negros de nossas vidas que não queremos, de modo algum, revisitar. Tanto que, a vitória da banda após essa fase, chega a ser comovente. Um clássico, na minha opinião, se parassem de prestar atenção apenas ao som da caixa.
ResponderExcluirConsigo entender a proposta deste disco e creio que mesmo com produção e bateria tosca ele teria sido um petardo muito mais efetivo se fosse mais curto. É uma grande banda, todos os discos menos festejados ganham riqueza de uma forma ou outra nas revisões...
ResponderExcluirPutz, falou pouco, mas disse tudo...
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