
Sabe quando você coloca pra tocar os álbuns Purple (2015)
ou Gold & Grey (2019), do Baroness, e percebe um incômodo no som, que
parece sujo e em baixa qualidade? Outro exemplo: o play em Death Magnetic
(2008), do Metallica, invariavelmente faz sair das caixas uma música
meio embolada e que incomoda os ouvidos, certo?
Bem, esses são exemplos frequentes da chamada loudness
war (em bom português, a guerra do volume), fenômeno que se intensificou na última
década e que, na prática, faz com que os discos novos (e também as novas edições de álbuns antigos) passem por
mixagens e masterizações que possuem apenas um objetivo: deixar a música,
literalmente, o mais alto possível. Isso faz com que a diferença entre os
níveis de volume mais baixos e mais altos dos instrumentos seja cada vez menor,
causando essa sensação de incômodo no ouvido que percebemos nos álbuns citados
no primeiro parágrafo. O termo técnico para todo essa papo é a tal dynamic range, ou faixa dinâmica. Ao
diminuir o espaço entre os extremos mais baixos e mais altos na mixagem, o
resultado acaba sendo uma música que perde amplitude, além de outros conceitos mais
abstratos como “vida”. Quanto maior a diferença entre os dois extremos, mais
riqueza de detalhes e nitidez auditiva teremos, fazendo com que a música soe mais “viva” e “pura” aos nossos ouvidos

É comum ouvirmos sobre variações na qualidade de áudio em
diferentes prensagens de discos de vinil. Mas isso acontece não só nos LPs. Nos
CDs essa diferença também é perceptível, com prensagens que soam melhores e outras que claramente deixam a desejar.
E a medição desses fatores não caminha necessariamente lado a lado com a
enxurrada de remasterizações lançadas nos últimos anos, muito pelo contrário,
já que esses remasters seguem, na maioria das vezes, os parâmetros adotados pela
loudness war.
Mas como medir a faixa dinâmica de um edição, seja ela em CD, vinil ou até mesmo em um arquivo digital? Existem apps
para isso, mas existe sobretudo um excelente site com dados de referência
para nós, ouvintes e colecionadores. O Dynamic Range DB (acesse aqui) possui um
gigantesco banco de dados com avaliações sobre álbuns e suas diferentes
edições. São quase 145 mil edições avaliadas, com comentários diretos e claros
sobre cada uma delas. Basta pesquisar a banda ou o disco que você quer informações,
e pronto.

É claro que tudo isso passa pela forma como você escuta
música e pelo seu próprio gosto pessoal. Eu, por exemplo, nunca fui um
audiófilo, mas confesso que percebo a variação de sonoridade em diferentes
edições de um disco desde sempre. Porém, isso não é algo que chega a me
incomodar, a não ser em casos extremos como o Death Magnetic e os álbuns mais
recentes do Baroness. Porém, é inegável o que interessante e útil é ter um banco de
dados com essas informações para ter valores de consulta na hora de escolher
qual edição trazer para a sua coleção. Segundo o site, por exemplo,
as edições com CDs bônus da discografia do Iron Maiden lançadas em 1995 possuem
um som melhor do que as recentes novas edições remasterizadas em digipack.
Geralmente, os valores de áudio medidos pelo site apontam as primeiras edições
em CD como as que possuem a melhor qualidade sonora, com os álbuns que saíram
no formato entre 1983 até os primeiros anos da década de 1990 como
os mais indicados, por possuírem os melhores níveis de dynamic range. Além disso,
edições europeias e norte-americanas do período são sempre muito cobiçadas,
além dos sempre desejáveis CDs japoneses.
Como disse antes, isso passa pela forma como você gosta
de ouvir e consome música e também pelo equipamento que possui, se ouve com fone de
ouvido ou em caixas de som e diversos outros fatores. Mas que é uma excelente e
prática fonte de pesquisa e referência, não há dúvida.
Eu acho que vale apenas uma ressalva (que de certa forma já está até no texto). O site indicado, e que realmente é excelente, indica um DADO OBJETIVO do áudio: DR (dynamic range). Isso é física e ponto final. A questão é até que ponto isso influencia na percepção da "qualidade" do áudio.
ResponderExcluirEu percebi isso em uma longa discussão sobre esse assunto no forum gringo do Dream Theater. É comum vários fãs reclamarem da qualidade do áudio em discos mais recentes como o autointitulado de 2012 (DR média = 6), mas raramente alguém reclama do som de um disco como o Falling Into Infinity (DR média = 6). E não é meramente uma questão de gosto. É quase unânime a opinião que o FII tem um puta som, ao passo que é bastante comum muitos acharem que o disco de 2012 padece da loudness war. É a mesma dinâmica, então qual o motivo da percepção? Eu sinceramente não sei.
Eu estou convencido que parâmetros como DR são relevantes, mas não são o X da questão.
E legal a matéria.
Eu tava me quesionando isso. Tava observando o site e compaqrando essas DR entre discos, e não tava me conformando de alguns que possuem um som tão cristalino e agradável possuirem uma média de DR tão baixa. Conclui a mesma coisa que vc nessa questão.
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