Um dos álbuns deste período que melhor sintetiza todo este impressionante caldeirão musical é o duplo Moonflower, de 1977. Um misto de gravações de estúdio e ao vivo que capturam Santana no ápice, reunindo um time de peso que incluía o vocalista Greg Walker e os percussionistas Pete Escovedo e José “Chepito” Areas.
A parte ao vivo deste álbum foi registrada na turnê do disco Festival, lançado em janeiro daquele mesmo ano, e entre elas estão inclusas a mesma sequência de abertura (“Carnaval”, “Let the Children Play” e “Jugando”), faixas como “Dance Sister Dance (Baila Mi Hermana)” e “Europa (Earth’s Cry, Heaven’s Smile)” do álbum Amigos (1976), e clássicos como as versões de “Black Magic Woman/Gypsy Queen”, “Soul Sacrifice/Head, Hands & Feet” e “Savor/Toussaint L’Overture”, todas executadas em excelentes performances e que servem como exemplo perfeito da sonoridade imortalizada de Santana, caracterizada pela inconfundível guitarra entrelaçada com elementos afro-latinos e uma percussão espetacular.
Já as faixas de estúdio são a cereja do bolo do disco e proporcionam alguns de seus mais interessantes momentos. A curta porém inspirada abertura “Dawn/Go Within” e números instrumentais como “Zulu”, “Bahia” e “El Morocco” poderiam muito bem integrar qualquer um dos discos do período mais jazzístico do próprio guitarrista, seja na sua fase solo ou com o restante de sua banda. “Flor d’Luna (Moonflower)” é uma composição que exibe Santana no seu melhor e não fica devendo em nada para o material dos seus três primeiros (e mais consagrados) álbuns. Em canções como “I’ll Be Waiting” e “Transcendance” quem rouba a cena é a voz de Greg Walker, que entrega uma inspirada performance vocal nestas duas faixas de contornos jazz/soul com um toque quase espiritual, transformando-as, evidentemente, em dois dos maiores e melhores destaques deste trabalho.
Uma faixa que merece uma nota à parte é a versão de “She’s Not There” do The Zombies, que abre o segundo disco e é um dos mais notáveis registros de estúdio aqui. Este é um daqueles casos em que uma reinterpretação dá uma nova personalidade a uma música, e apesar disto não ser uma novidade para Santana – afinal, essa é uma das marcas registradas de seus primeiros trabalhos – aqui ela consegue reunir de maneira equilibrada e evidente todos os grandes destaques de Moonflower: o vocal de Greg Walker, a impressionante percussão de Pete Escovedo unida à bateria de Graham Lear, e, claro, a guitarra de Carlos Santana, que juntos proporcionam o que talvez seja o momento mais distinto do álbum.
Moonfloower foi o último grande sucesso comercial do Santana antes do divisor de águas Supernatural décadas depois, e de uma forma geral é basicamente o disco que resume os mais inspirados momentos do que pode se considerar a melhor fase de sua longa carreira artística.
Por Rodrigo Façanha
Sem duvidas um discão. Um dos poucos vinis que resistiram em minha coleção. A capa é um dos destaques também.
ResponderExcluirAbçs