Review: Kiko Loureiro – Open Source (2020)



Quinto álbum solo de Kiko Loureiro, Open Source traz o guitarrista do Megadeth ao lado dos companheiros dos tempos de Angra Felipe Andreoli (baixo) e  Bruno Valverde (bateria). O disco é o sucessor de Sounds of Innocence (2012) e completa uma discografia que conta também com No Gravity (2005), Universo Inverso (2006) e Fullblast (2009).

Kiko Loureiro é, sem sombra de dúvida, um dos maiores guitarristas brasileiros. E desde a sua ida para o Megadeth, em 2015, esse status acabou se amplificando. Dono de uma técnica irrepreensível, uma criatividade inquieta e uma musicalidade ampla, Kiko mostra em Open Source todas as qualidades que o fazem ser quem é. As onze músicas do álbum tem o metal como ponto de partida, mas não se prendem exclusivamente a ele. As influências de fusion permeiam todo o trabalho, além das sempre bem-vindas incursões pela música brasileira. Os riffs deixam clara uma aproximação de Kiko com o lado mais contemporâneo do metal, de nomes como Leprous, The Caligula's Horse, Animals as Leaders, Periphery e Between the Buried and Me, entre outros, o que torna o som extremamente atual e sem os vícios do metal mais tradicional. Resumindo: é uma sonoridade muito moderna e extremamente cativante, com Kiko soando ao mesmo tempo experimental e extremamente musical.

Felipe Andreoli e Bruno Valverde também brilham e fazem da união entre baixo e bateria um dos pontos altos do disco. Extremamente técnicos, os dois exploram andamentos e harmonias bastante distantes do Angra, o que era esperado e é extremamente saudável.

Entre as músicas gostei muito de “Edm (E-Dependent Mind)”, “Imminent Threat” (com participação de Marty Friedman, guitarrista da formação mais clássica do Megadeth), a linda “Sertão”, “In Motion”, “Running with the Bulls” e "Du Monde".

Kiko Loureiro é uma lenda não só do metal brasileiro, mas da música de nosso país. O reconhecimento ao seu trabalho é mais do que merecido. Um músico brilhante e que deveria ser muito mais reverenciado do que realmente é. A maturidade demonstrada não só em Open Source mas também em suas entrevistas nos últimos anos (acompanhe o canal do guitarrista no YouTube e perceba isso) mostram um músico cada vez mais distante do personagem que fez fãs colecionarem histórias não tão agradáveis ao longo dos anos. Esse Kiko já não existe mais e deu lugar a um músico completo em todos os níveis e a um ser humano totalmente diferente. E Open Source é uma prova cabal desse novo momento.

Para encerrar, menção à belíssima capa criada pelo designer brasileiro Gustavo Sazes.

Seria excelente se alguma gravadora lançasse Open Source em mídia física aqui no Brasil. Vamos torcer por isso.

Comentários

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.