Como foi criada a capa de Let It Bleed, clássico dos Rolling Stones

A capa de Let It Bleed, oitavo disco dos Rolling Stones, é uma das mais bonitas da lendária banda inglesa e possui uma história bem interessante.

 

Lançado em 5 de dezembro de 1969, o álbum traz em sua capa uma escultura surreal projetada pelo artista norte-americano Robert Brownjohn, famoso por criar as sequências de abertura de filmes clássicos do agente James Bond como Moscou Contra 007 (1963) e 007 Contra Goldfinger (1964). A obra traz o vinil de Let It Bleed sendo tocado pelo braço de um fonógrafo antigo, enquanto diversos objetos estão suspensos sobre ele empilhados em um eixo de troca de LPs, item comum nos aparelhos de som fabricados entre os anos 1960 e 1980 e que fazia com que, ao final da duração de um disco, outro LP caísse sobre o anterior e começasse a ser tocado imediatamente.

 

Entre os objetos da imagem podemos ver uma caixa de filme etiquetada com a frase Stones - Let It Bleed, um mostrador de relógio, uma pizza, um pneu de motocicleta e um bolo com glacê decorado com uvas e cerejas e adornado por estatuetas representando a banda. O bolo foi preparado pela então desconhecida escritora e cozinheira Delia Smith, que se transformaria nos anos seguintes em uma das mais populares personalidades da TV e da cultura pop britânicas através de suas aventuras culinárias. A contracapa traz a mesma imagem, porém bagunçada, com uma fatia do bolo cortada, o LP quebrado e outras particularidades.

 

Brownjohn criou o conceito inspirado no título provisório do disco, que iria se chamar Automatic Changer, mas a banda decidiu mudar o nome do LP durante o processo. A escolha inicial de Mick Jagger para a criação da arte era o artista holandês M.C. Escher, que recusou o trabalho. A imagem concebida por Robert Brownjohn teve um resultado tão bom que marcou uma das épocas mais produtivas dos Rolling Stones, além de ter sido uma das dez capas escolhidas pelo serviço postal britânico para a coleção de selos Classic Album Cover, lançada em janeiro de 2010.

 

Let It Bleed é considerado um dos melhores álbuns dos Rolling Stones e marca a transição entre a fase com Brian Jones e o período com Mick Taylor, que o substituiu na guitarra. Jones é creditado no disco porém só toca percussão e harpa, enquanto Taylor assumiu a guitarra em somente duas músicas: “Country Honk” e “Live With Me”. Em todas as outras, o instrumento foi tocado por Keith Richards. O disco traz clássicos do porte de “Gimme Shelter”, “Let It Bleed”, “Midnight Rambler” e “You Can’t Always Get What You Want”, além de uma versão para “Love in Vain”, do bluesman Robert Johnson. Let It Bleed está na lista de 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos publicada pela revista Rolling Stone em 2003, na posição número 32.