Review: Vikram – Behind the Mask (2019)


O cenário brasileiro de heavy metal produz bandas incríveis, porém grande parte dos fãs do gênero aqui no Brasil acaba consumindo os mesmos nomes de sempre, dando poucos passos além do Angraverso (Angra, Shaman, Viper, Andre Matos) e Sepultura e seus associados. O Vikram é um exemplo perfeito disso: uma banda sensacional e com um trabalho muito diferenciado, mas que pouca gente ouviu e comentou.

O grupo é formado por Guilherme de Siervi (vocal), Tiago Della Vega (guitarra), G. Morazza (baixo) e Marcus Dotta (bateria), que contam com a participação de diversos outros instrumentistas para dar forma a um universo musical incrível.

A proposta do Vikram é fazer um metal com influência da cultura oriental, e isso se aplica tanto na música quanto nas letras. O disco levou sete anos para ser concluído e é multimídia: além do CD, Behind the Mask possui também versões em livro, songbooks e um jogo de RPG. Produzido pelo próprio Tiago Della Vega, o álbum traz quatorze músicas e suas letras falam sobre temas relacionados às culturas egípcia, turca, árabe, indiana e espanhola. Extremamente rico tanto lírica quanto musicalmente, trata-se de um trabalho muito acima de média não só aqui no Brasil, mas também na cena metálica mundial como um todo – e isso não é um exagero, acredite.

As influências orientais são exploradas através de um trabalho instrumental que harmoniza técnica e musicalidade, fazendo com que as canções possuam trechos muito complexos mas conseguindo a proeza de tornar essas passagens palatáveis para ouvintes que não estão habituados ou não curtem momentos mais intrincados. Behind the Mask traz uma performance exemplar de toda a banda, com os vocais teatrais e variados de Guilherme de Siervi impressionando logo de saída. Guilherme, cujo trabalho eu desconhecia e fui ter contato somente através do recente concurso promovido pelo SoulSpell para escolher o seu novo vocalista, é dono de seus sentimentos e explora essa autoridade com absoluto domínio. A guitarra de Vega, eleito o guitarrista mais rápido do mundo, não se atém somente à velocidade (o que é ótimo) e despeja riffs criativos e solos muito bons. E a cozinha é um caso à parte, com a bateria de Marcus Dotta preenchendo todos os espaços possíveis e devidamente ancorada pelo baixo preciso de G. Morazza.

Entre as músicas, os destaques são muitos. “The Mortal Dance of Kali” e “Requiem for Salem” já deixam o ouvinte de queixo caído logo de saída, e o nível elevado é mantido em “Forsaken Death”, “The Red Masquerade”, “Shokram” e na sensacional faixa título. Destaque também para o momento mais calmo e contemplativo de “Andaluzia”, que começa calma e com um violão com influência espanhola e vai crescendo até explodir em puro peso.

Behind the Mask, estranhamente, é um disco pouco comentado entre os fãs de metal brasileiro. E acredito que essa repercussão limitada se dê pelo absoluto desconhecimento da existência do álbum e, por extensão, do próprio Vikram. Felizmente a banda está alcançando um crescimento maior a cada dia, o que certamente levará o CD a um número muito maior de pessoas.

Se você gosta de música de qualidade, aqui está um disco que você precisa ouvir agora mesmo.


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