Review: Destruction – Born to Thrash (2020)


Se há uma coisa com a qual a maioria das pessoas há de concordar é a de que 2020 é um ano 
que não deixará saudades, em geral por razões nem um pouco relacionadas à música. A pandemia da COVID-19 causou prejuízos incalculáveis e inimagináveis, e fez com que espetáculos de entretenimento por todo o planeta fossem cancelados. Muitas bandas e artistas que tiram o bruto de seu sustento com turnês se viram prejudicados e foram forçados a pausar suas atividades. Alguns conseguiram dar – ou estão dando, a seu jeito – uma volta por cima, e dentre estes estão inclusos os veteranos alemães do thrash metal, o Destruction, que numa forma de saciar o apetite de seus fãs por uma experiência ao vivo decidiram lançar o show realizado em 10 de agosto de 2019 no Party San Festival em Schlotheim, na Alemanha. Essa é a história do mais novo ao vivo do grupo, Born to Thrash.

Evidenciado pelo título, o registro foi parte da turnê de divulgação do mais recente álbum de estúdio, Born to Perish (2019). Deste disco, apenas duas das faixas mais recentes – “Born to Perish” e “Betrayal” – constam no setlist, que é um tanto curto por tratar-se de uma apresentação em um festival, mas ficaram bem integradas num repertório cujo restante é preenchido por clássicos obrigatórios da banda. Dos álbuns dos anos 1980 temos a presença de “Total Desaster”, “Mad Butcher” (ambas de Sentence of Death, 1984), “Bestial Invasion” (de Infernal Overkill , 1985), “Curse the Gods” e “Life Without Sense” (de Eternal Devastation1986), enquanto do período marcado pelo retorno às atividades nos anos 2000 estão as consolidadas “The Butcher Strikes Back” (de All Hell Breaks Loose, 2000), “Thrash Till Death” e “Nailed to the Cross” (de The Antichrist, 2001).

O Destruction presente aqui conta com a mesma formação do seu último álbum de estúdio, e como já era esperado a adição de uma segunda guitarra (agora a cargo do suíço Damir Eskic, aluno de Tommy Vetterli, do Coroner) e um novo baterista (o canadense Randy Black, ex-membro de bandas como Primal Fear, W.A.S.P. e Annihilator) deixou o som muito mais encorpado nos palcos e um pouco mais próximo às gravações eternizadas em estúdio, mas sem poupar a energia esperada de um trabalho ao vivo. Schmier, vocalista e baixista, entrega uma satisfatória performance considerando todo o seu tempo à frente da banda (descontando os anos afastados na década de 1990, na qual tocou seu projeto Headhunter), e até as características partes mais agudas dos vocais nas canções se saem muito bem por aqui. O guitarrista Mike Sifringer – presença constante em todas as formações do grupo ao longo dos anos – também executa um ótimo serviço em sua função, o que não chega a de ser uma surpresa para aqueles que já o conhecem.

Entregando um trabalho honesto e direto ao ponto, que mostra de forma bem clara o porquê de serem uma das bandas mais reverenciadas dentro de seu gênero, Born to Thrash é, ao mesmo tempo, uma espécie de presente aos fãs que acompanham a banda por todos esses anos e também para todos aqueles que sentem saudades daquele ambiente ao vivo com excelentes shows que até pouco tempo ainda tínhamos – e que ainda temos esperanças de ter (e viver) novamente.

Por Rodrigo Façanha


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