Review: Eric Clapton – Slowhand (1977)


Quinto álbum solo de Eric Clapton, Slowhand chegou às lojas em 25 de novembro de 1977 e é considerado um dos grandes clássicos do guitarrista. Além disso, o disco é um dos maiores sucessos comerciais da carreira de Clapton, puxado por singles como “Cocaine”, “Wonderful Tonight” e “Lay Down Sally”.

O desejo de Eric era trabalhar com o produtor Glyn Johns, que havia assinado álbuns dos Rolling Stones e dos Eagles. Fechada a parceria com Johns, Clapton precisou se adaptar ao modo de trabalho do produtor, que não era fã de jams e cobrava profissionalismo extremo dos músicos. Na época, Clapton e sua banda viviam chapados ou bêbados a maior parte do tempo, e Johns colocou a rapaziada nos trilhos exigindo o máximo de cada um durante as sessões de gravação. Essa abordagem deu um clima meio minimalista a Slowhand, com canções enxutas e diretas ao ponto.

O título veio do apelido dado pelo manager Giorgio Gomelsky, uma alusão ao modo de tocar do guitarrista, com notas suaves, elegantes e extremamente técnicas. Já a capa traz uma foto de Clapton feita por Pattie Boyd, que se casaria com Eric dois anos depois, em 1979, após se separar de George Harrison. A relação dos três – Eric era um grande amigo de George – formou um dos triângulos amorosos mais famosos do rock. Pattie ficaria casada com Clapton até 1987, e o divórcio saiu em 1989.

“Cocaine”, versão para a canção composta por J.J. Cale um ano antes (a gravação original está no álbum Troubadour, lançado por Cale em setembro de 1976), se tornou um dos maiores hits da carreira de Clapton e possui um certo aspecto autobiográfico, já que Eric teve um longo relacionamento com a droga. O solo é um dos mais conhecidos do guitarrista e alcança vôos épicos na versão presente no duplo ao vivo Just One Night (1980). “Cocaine” foi censurada e proibida na Argentina, com a ditadura militar obrigando o disco a sair sem a sua faixa de abertura porque ela trazia uma má influência para os jovens e os induzia a ficarem chapados, segundo o governo. A proibição vigorou até 1984.

“Wonderful Tonight” é uma linda balada composta para Pattie Boyd, enquanto “Lay Down Sally” é um dos maiores exemplos da enorme influência de J.J. Cale na obra de Clapton.

Além das canções mais conhecidas, ótimos momentos podem ser ouvidos em “Next Time You See Her” (que revisita o clima da parceria com o casal Delaney & Bonnie), “The Core” (onde Clapton divide os vocais com a cantora Marcy Levy em um rhythm and blues cheio de groove), a doce “May You Never” (versão para uma canção de John Martyn, um dos grandes nomes da guitarra inglesa), “Mead Old Frisco” (vinda do repertório do bluesman Arthur “Big Boy” Crudup, lenda do Delta Blues) e a instrumental “Peaches and Diesel”, que fecha o disco de forma linda.

O álbum chegou ao segundo lugar do Billboard 200 e vendeu mais de 3 milhões de cópias nos Estados Unidos. Uma edição comemorativa de 35 anos saiu em 2012 em  CD duplo e traz quatro faixas bônus no disco 1, enquanto o disco 2 vem com um show inédito realizado no Hammersmith Odeon em 1977 antes do lançamento do álbum, o que faz com que o tracklist do concerto não inclua nenhuma música do disco.

Slowhand é um dos trabalhos mais emblemáticos de Eric Clapton e um álbum fundamental para entender a obra do lendário guitarrista inglês. Obrigatório na coleção e na trilha da vida.

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