Review: Nervosa – Perpetual Chaos (2021)


Prika Amaral transformou um grande problema em um recomeço para a Nervosa. As saídas de Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria), anunciadas em abril de 2020, levaram a um grande ponto de interrogação sobre o futuro da banda. Porém, Prika, fundadora e única remanescente, reformulou o trio transformando a Nervosa em um quarteto, que lançou nesse início de 2021 o primeiro registro dessa nova formação

O upgrade em relação ao passado fica evidente em Perpetual Chaos, quarto álbum da Nervosa e sucessor de Downfall of Mankind (2018). Contando agora com a vocalista espanhola Diva Satanica (também do Bloodhunter), com a baixista italiana Mia Wallace (com passagens pelo Abbath e Triumph of Death) e com a baterista grega Eleni Nota (também do Lightfold), a Nervosa mostra no novo álbum que está pronta para o próximo passo de sua carreira.

Produzido por Martin Furia, com quem a banda já havia trabalhado no disco anterior, Perpetual Chaos é um ótimo disco de thrash metal, agressivo e com momentos que beiram o death e outros em que flerta com estilos como o punk. No total são treze músicas espalhadas em 44 minutos, e que extravasam a nova personalidade da banda.

É revigorante presenciar uma reconstrução tão radical e perceber o quanto Prika Amaral soube remontar a Nervosa com peças perfeitas. Diva Satanica canta de forma incrível e seu vocal é mas grave e profundo que o de Fernanda, que possui um timbre mais agudo. Mia Wallace encorpa as bases de guitarra e dá sustentação para a bateria de Eleni Nota, que é um caso a parte. A grega é um instrumentista criativa e extremamente técnica, que agregou muito ao som do Nervosa. Sua presença trouxe uma variedade muito maior de ritmos e batidas, em contraste com o que fazia Luana, que é uma baterista focada mais na velocidade e na violência mas que não entregava a polirritmia que ouvimos aqui. E Prika Amaral dispensa apresentações, com riffs ferozes, timbres graves e uma enorme influência de nomes como Slayer, Sodom e Kreator.

Os destaques são muitos, e tornam a audição de Perpetual Chaos pra lá de gratificante. Entre os momentos mais altos estão canções como a abertura animal com “Venomous”, a ótima “Guided by Evil”, a também excelente faixa que batiza o disco, “Genocidal Command” (com participação de Schmier, do Destruction), o ataque punk de “Time to Fight”, “Godless Prisoner”, “Rebel Soul” (com Erik Ak, do Flotsam and Jetsam), “Pursued by Judgement” e o encerramento com o thrash pesadíssimo e mais cadenciado de “Under Ruins”.

Com Perpetual Chaos a Nervosa não apenas começa uma nova fase na sua trajetória, como também entrega o seu melhor disco. Madura, criativa, renovada e inspirada, a banda surpreende ao alcançar um nível de qualidade tão alto pouquíssimo tempo após passar por tudo que passou.

Discaço!


Comentários

  1. Começamos bem 2021, já incluindo um possível disco na lista dos melhores do ano.
    Ótima resenha!

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    Respostas
    1. É o famoso "não faço a mínima ideia do que virá por aí, mas sei que isso aqui é muito bom"! Hahahaha. Amém!

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  2. Disco maravilhoso mesmo. A Diva deu uma outra dimensão pra banda, de fato. É impressionante! E eu gostei de como começou a resenha! Mas no fim das contas, a Prika também antecipou o seguinte panorama: o antes trio Nervosa agora gerou duas grandes bandas (Nervosa e Crypta). E diga-se de passagem, o Crypta neste exato momento está gravando álbum. Pelo que deu pra ver, parece que vem coisa boa por aí!

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  3. Uma avalanche de riffs, bateria incansável, vocal adequado ao estilo. Um ótimo álbum. Nervosa fazendo bonito.

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