Review: Ozzy Osbourne – Patient Number 9 (2022)


É surpreendente que Ozzy Osbourne ainda esteja vivo. E é uma alegria que o vocalista inglês ainda esteja entre nós. Surpreendente porque todos sabem as inúmeras loucuras vividas pelo Madman – que não à toa recebeu esse apelido – e as quantidades industriais de drogas e álcool que Ozzy consumiu em seus mais de setenta anos, substâncias essas que inclusive geraram uma mutação em seu organismo e que foi detectada por pesquisadores. E a alegria de ver – ou melhor, ouvir - Ozzy ativo mesmo após ser diagnosticado com Parkinson e vivendo diversos problemas de saúde nos anos recentes é intensificada com audição de Patient Number 9.

Lançado em 9 de setembro, Patient Number 9 é o décimo terceiro álbum do vocalista e, assim como o anterior, foi produzido por Andrew Watt. Porém, ao contrário de Ordinary Man (2020), que trazia um som mega processado e a voz de Ozzy duplicada em praticamente todas as canções, o novo disco tem um som muito mais orgânico e “verdadeiro”, e essa é uma qualidade que faz uma diferença enorme no resultado final.

Um dos atrativos de Patient Number 9 é trazer Ozzy ao lado de alguns dos maiores guitarristas que o rock já viu. Participam do álbum Jeff Beck, Mike McCready, Eric Clapton e Josh Homme, além dos parceiros de longa data Zakk Wylde e Tony Iommi. No baixo temos Duff McKagan, Robert Trujillo e Chris Chaney (Jane’s Addiction), enquanto a bateria é dividida entre Chad Smith e o falecido Taylor Hawkins. A presença desses convidados coloca o trabalho em um nível superior e parece ter inspirado Ozzy e Watt nas composições, que contam com parcerias com vários dos músicos presentes no disco. Traduzindo: Patient Number 9 é o melhor álbum de Ozzy em anos, e o meu preferido desde Ozzmosis (1995).

Há um frescor nas composições e uma força na interpretação de Ozzy como há muito não ouvíamos. E isso, mais uma vez, é louvável em um artista que enfrenta o que o vocalista está enfrentando. Não há pena, não há autocomiseração. O que temos é energia, experiência e feeling, ingredientes que trabalham juntos em todos os aspectos do disco, da composição das músicas ao resultado final. Muito superior a Ordinary Man, Patient Number 9 entrega um tracklist sem momentos dispensáveis, onde se destacam faixas como a música título (com Jeff Beck), “Immortal” (com Mike McCready esmerilhando), a pesadíssima “Parasite” (com Zakk Wylde), “Mr. Darkness” (novamente com Wylde), “Evil Shuffle” (puro Black Sabbath com Zakk Wylde brilhando) e a pegada mais acessível de “Dead and Gone”, além, é claro, das duas canções com Tony Iommi, as pedradas “No Escape From Now” e “Degradation Rules”.

Patient Number 9 é um álbum surpreendente, e um disco que Ozzy Osbourne estava devendo aos fãs há um certo tempo. Pode ser que seja o seu álbum de despedida, ou o Madman pode nos surpreender mais uma vez com um novo trabalho. E, se realmente for o seu último disco, fecha de maneira sublime uma das mais inacreditáveis trajetórias que o rock presenciou.


Comentários

  1. o album não é tão ruim mas, infelizmente, está longe de ser bom, apenas um pouco melhor que o anterior mas, ambos, são as piores obras de uma carreira linda, brilhante e inesquecível, de um cara astuto, esperto, esforçado, empiricamente muito inteligente e com alguns talentos específicos bem aflorados, enfim, o Madman de nosso mundo, de nossa era, de nosso tempo, e que fará uma falta incomensurável em nossas vidas quando nos deixar o que, tristemente, parece estar próximo e, também por isso, a despeito da qualidade bastante questionável dos dois ultimos albuns, seu trabalho, sua dedicação e sua superação diante de tantas problemas de saúde devem ser objeto de admiração, regozijo, alegria e, de forma nenhuma, pena.
    o disco em questão tem algumas musicas realmente boas, diferentemente de "ordinary man" que tinha bem pouca coisa aproveitável; mr. darkness é a melhor em minha modesta análise (pesada, vigorosa, com refrão ganchudo e boa interpretação vocal), dead and gone é ótima em um estilo um pouco mais pop e diferente do som tradicional que ele vem produzindo, principalmente neste século, além das duas com participação de tony iommi (degradation rules e no escape from now) que também nos remetem, mesmo que um pouco distantes, a ecos sabbáticos.
    fora elas temos várias razoáveis e uma penca de faixas bem fracas como, por exemplo, evil shuffle, tão constrangedora como it's a raid, por exemplo, do album anterior mas, além de tudo isso, uma coisa tem que ser pontuada: a péssima influencia do produtor andrew watt neste ponto da carreira do madman contribuindo, e muito, para a falta de qualidade de seu trabalho. um cara que iniciou sua carreira de forma bem bacana, tocando com glenn hughes e jason bonham num combo chamado california breed que, infelizmente, não deu em nada, e chegou a fama e fortuna como produtor de artista pop e rap bem ruinzinhos, inclusive trazendo um de seus "pupilos", o ridículo post malone, para participar vergonhosamente em "ordinary man".
    este cidadão toca guitarra base e compõe com ozzy a maioria das canções desses dois ultimos albuns, além de produzi-los mediocremente o que, em minha visão, contribui sobremaneira para a baixa qualidade artística e sonora deles, uma pena mas uma escolha errada, em uma carreira cheia de escolhas certeiras e geniais.
    de qualquer forma é ótimo ele ainda está por aqui e trabalhando, nos brindando ainda com alguns momentos de seu talento que pra sempre terá uma eterna morada em meu coração e nos corações de seus admiradores, obrigado querido joão miguel...

    ResponderExcluir
  2. É simplesmente um dos melhores álbuns de Rock dos últimos tempos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.