O review da Classic Rock para 72 Seasons, novo álbum do Metallica


Referência no jornalismo musical, a Classic Rock traz em sua nova edição o review de 72 Seasons, o aguardado novo álbum do Metallica. O texto foi escrito pelo jornalista Dave Everley e você pode lê-lo abaixo.


O lançamento de um novo álbum do Metallica é um grande evento, o equivalente musical de um novo filme de Star Wars ou à chegada de um novo produto revolucionário da Apple. Com isso, vem a antecipação e a expectativa de uma base de fãs muitas vezes exigente, uma parte da qual parece perversamente saborear a possibilidade de ficar desapontada.

O décimo primeiro álbum da banda não decepcionará ninguém, exceto o mais truculento fã do Metallica. 72 Seasons segue o roteiro elaborado em Death Magnetic, de 2008, e Hardwired ... To Self-Destruct, de 2016: metal moderno banhado a titânio, alimentado por uma intenção implacável de ser melhor, mais alto e mais nítido do que qualquer outro.

Lançado no final de 2022, o primeiro single “Lux Aeterna” foi recebido como um filho há muito perdido pelos fiéis. Com sua sensação turbinada de thrash old school e letra que faz referência à NWOBHM, parecia um retorno deliberado à estreia da banda em 1983, Kill 'Em All, sugerindo que 72 Seasons poderia encontrar o Metallica em uma nostálgica viagem pelo seu próprio passado.

Na realidade, é tudo menos isso. 72 Seasons é muito mais denso do que “Lux Aeterna” indicou. É um álbum intenso, com essa sensação perdurando por praticamente cada segundo de seus 77 minutos. A irregular faixa-título, que abre o trabalho, pisa no acelerador desde o início, com James Hetfield metralhando letras concisas e vívidas. As furiosas “Shadows Follow” e “Screaming Suicide” desmentem a idade já avançada dos músicos (Hetfield e Lars Ulrich completam 60 anos este ano, e o guitarrista Kirk Hammett já ultrapassou esse marco), enquanto “You Must Burn” chega como um rolo compressor, cavalgando em um groove pesado que soa como uma “Sad But True” intensificada.

Essa intensidade é aprofundada pelas letras de Hetfield. O vocalista teve sua cota de turbulência pessoal ultimamente, passando de um “ajuste” na reabilitação a um divórcio, e ele aparentemente abriu uma garrafa cheia de turbulências aqui. Suas letras, nunca exatamente felizes, são atormentadas e sombrias. “Tão apertada / Esta coroa de arame farpado”, ele rosna em “Crown of Barbed Wire”. Em outro momento, é ainda mais direto: “Não há luz!”, grita desesperadamente em “Chasing Light”.

72 Seasons não é fácil de ouvir e exige trabalho. As baladas estão ausentes e até as grandes melodias são escassas, embora isso as torne ainda mais marcantes quando chegam. Posicionar os mais de 11 minutos de “Inamorata” no final de um álbum que já passou dos sessenta minutos é o trabalho de uma banda que quer ver até onde eles podem levar as coisas. Muito longe, ao que parece – “Inamorata” é uma das melhores músicas do álbum (e também termina com uma fenda de luz muito necessária liricamente).

Os dias do Metallica elevando o nível cada vez mais para cima a cada novo lançamento já se foram. Esse é o trabalho de outras bandas hoje em dia. A única preocupação do Metallica é fazer o melhor álbum possível, independentemente do que está acontecendo ao seu redor. Nesse ponto, 72 Seasons é um sucesso retumbante.

Tradução de Ricardo Seelig

Fonte: Louder Sound



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