Core, a magnífica chegada do Stone Temple Pilots aos nossos ouvidos


Ao revisitarmos o álbum de estreia do Stone Temple Pilots, fica ainda mais difícil absorver a perda do vocalista Scott Weiland, falecido em 2015 após anos lutando contra o vício em drogas. Passados mais de trinta anos de seu lançamento, o disco mantém intacta a sua força.

Puxado inicialmente pelo sucesso quase instantâneo de “Plush”, que muita gente confundiu - e ainda pensar ser – com uma música do Pearl Jam devido à semelhança do vocal de Weiland com o de Eddie Vedder, o trabalho combina o grunge, o hard rock e o alternativo com uma precisão e inspiração constantes, que se traduzem em canções com melodias e letras cativantes.

Além de Weiland, o Stone Temple Pilots contava também com os irmãos Dean e Robert DeLeo (guitarrista e baixista, respectivamente) e o baterista Eric Kretz, o mesmo trio que mantém a banda na estrada até hoje, e desde 2017 com a voz potente de Jeff Gutt à frente. O trio contou com o também infelizmente já falecido Chester Bennington, do Linkin Park, entre os anos de 2013 e 2015, mas essa parceria rendeu diversos shows e apenas um EP, High Rise, lançado em 2013.

Voltando a Core, trata-se de uma das grandes estreias da década de 1990, e que desde a primeira música já deixa claro o quanto o Stone Temple Pilots era uma banda diferenciada. Os instrumentistas são todos excelentes, e, ainda que a voz poderosa e agradável de Weiland seja um destaque imediato, a solidez do quarteto é o que torna o álbum um dos clássicos do período.

A cadenciada “Dead & Bloated” abre o disco mostrando que os caras não eram somente mais uma banda embalada no pacotão do grunge, e traz uma bem azeitada pegada setentista unida ao que estava em voga no período. Na sequência temos o peso de “Sex Type Thing”, canção que se transformou em um dos maiores clássicos do grupo e foi o primeiro single do disco. “Sin” vai na mesma pegada da música de abertura, e seu andamento remete a um elo perdido entre o Led Zeppelin e o Soundgarden, percepção essa que fica ainda mais certeira com as alternâncias de dinâmica da faixa, que segue a escola “luz e sombra” eternizada por Jimmy Page e companhia.

“Naked Sunday” apresenta Weiland cantando em cima de uma base instrumental que se assemelha à uma jam, com todos os músicos brilhando em seus instrumentos. “Creep” desacelera o ritmo e é uma balada meio psicodélica, onde a voz de Scott é o grande destaque. O classic rock conduz “Piece of Pie”, onde o peso divide os holofotes com mais uma excelente interpretação de Weiland. “Plush”, maior hit do Stone Temple Pilots, vem a seguir, e não é apenas uma das grandes canções do álbum como também se transformou, com o passar dos anos, em uma das faixas preferidas das estações de rock clássico, e méritos para isso não faltam. “Crackerman” é uma das mais competentes pauladas do álbum, e é sucedida por “Where the River Goes”, que fecha o disco com um ritmo mais lento e deixando uma ótima impressão.

É preciso destacar a produção de Core, assinada por Brendan O’Brien ainda em início de carreira. O produtor, que se transformou em um dos nomes mais requisitados nos anos seguintes, construiu uma longa relação com o Stone Temple Pilots e também com o Pearl Jam, sendo peça fundamental na identidade sonora de ambas as bandas. Em Core, o timbre dos instrumentos é espetacular, com destaque para a bateria de Kretz, que soa de forma magnífica.

A estreia do Stone Temple Pilots colocou a banda em posição de destaque durante os anos 1990, década onde proliferaram grandes nomes no rock. Porém, a inconstância de Scott Weiland, com o vocalista se afundando cada vez mais no vício, acabou prejudicando a trajetória do quarteto, que possui uma discografia repleta de excelentes trabalhos – ouça a dobradinha Purple (1994) e Tiny Music ... Songs From the Vatican Gift Shop (1996) - e deveria receber muito mais reconhecimento do que aquele que geralmente lhe é atribuído.

Comentários

  1. Core é pra mim um dos melhores álbuns de estreia não só da cena grunge mas como toda á década de 90, dá de 10 a 0 no álbum de estreia do Nirvana por exemplo, uma pena que a banda se perdeu completamente no fim da década, muito por conta dos vacilos do Weiland.

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