Baroness corrige erros de produção e volta a soar poderoso em Stone


Há um grande acerto em Stone, novo álbum do Baroness. Um acerto significativo e decisivo para tornar o sexto álbum da banda não só um dos melhores da excelente discografia do quarteto, mas sobretudo um disco gostoso de ouvir: a produção equivocada que prejudicou em menor grau Purple (2015) e principalmente Gold & Grey (2019) foi deixada para trás. A banda finalmente conseguiu se livrar dos vícios da loudness war, e isso é algo a se comemorar. David Fridmann, produtor que trabalhou com o grupo tanto em Purple quanto em Gold & Grey, está fora da jogada, e o quarteto assumiu a produção do novo álbum.

Stone dá fim a um período de quatro anos sem material inédito do Baroness, e é o segundo trabalho com a fenomenal guitarrista Gina Gleason, na banda desde 2017. A produção mais limpa e sem os erros anteriores reforça uma das principais características da música do quarteto, que é construída com uma ourivesaria de acordes e sutilezas melódicas, com notas se entrelaçando e construindo resultados incríveis e invariavelmente emocionantes. Isso havia ficado soterrado em Gold & Grey, e agora ressurge com toda a sua glória em Stone. O processo de composição é fruto da pandemia, com a banda chegando a ter três dezenas de novas canções, que foram filtradas e resultaram nas dez faixas presentes em Stone.

É particularmente difícil para mim definir estilisticamente o que é a música do Baroness, pois ela possui desde elementos de stone e metal até ingredientes psicodélicos, atmosféricos e progressivos, resultando em um mistura única. O melhor conceito que encontro para definir o que chega aos meus ouvidos diz mais sobre a sensação que sinto do que a estrutura das canções que escuto, pois sempre que ouço o Baroness automaticamente retomo algo semelhante à agradável sensação que toma conta do meu corpo ao dar play em qualquer álbum de uma das minhas bandas favoritas, o Fleetwood Mac. E essa sensação é a emoção, o arrepiamento dos pelos de todo o corpo, as lágrimas que surgem nos olhos, tudo junto e ao mesmo tempo, potencializado por um fator em comum entre as duas bandas: os arranjos ascendentes e o trabalho vocal que vem invariavelmente impregnado de interpretações repletas de feeling. No Baroness, há ainda o trabalho meticuloso entre as duas guitarras, tanto em trechos com guitarras gêmeas quanto em riffs bem compostos, além do entrelaçamento de notas entre os instrumentos do líder, vocalista e guitarrista John Baizley e Gina Gleason (que também participa dos backing vocals de forma constante neste disco) - completam a banda o baixista Nick Jost e o baterista Sebastian Thomson.

O Baroness retomou a sua magia em Stone, que antes havia ficado soterrada devido à escolha equivocada na produção principalmente de Gold & Grey. O que temos em mãos é um álbum emocionante, inspirado e que mostra, mais uma vez, porque o quarteto norte-americano não apenas conquistou uma legião de fãs em sua carreira como possui potencial para crescer ainda mais. Entre as músicas, destaco “Last Word”, as guitarras dobradas de “Beneath the Rose”, a ótima “Choir” (minha preferida), “Anodyne” (que conversa com os primeiros álbuns, principalmente com Blue Record, de 2009, e possui um excelente trabalho de guitarra) e as experimentações da trilogia “Shine”, “Magnolia” e “Under the Wheel”, onde a banda entrega um trio de canções mais longas – todas com mais de seis minutos – e atmosféricas, onde a riqueza melódica e emocional de sua música fica ainda mais à flor da pele.

Stone é, como de costume quando falamos do Baroness, um excelente disco. Como esperado, estamos, outra vez, diante de um dos grandes álbuns do ano.

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