Review: Michael Jackson – HIStory: Past, Present and Future, Book I (1995)


Lançado em 20 de junho de 1995, HIStory: Past, Present and Future, Book I é mais que uma compilação e não apenas um álbum. Explico: duplo, traz no primeiro disco uma retrospectiva da carreira de Michael Jackson até então, e no segundo CD novas canções que o Rei do Pop escreveu e produziu com vários colaboradores. Dividido em duas partes – HIStory Begins e HIStory Continues -, equilibra com simetria em suas trinta faixas tanto a produção clássica do vocalista quanto o então material inédito. O álbum é o sucessor de Dangerous (1991).

Entre os hits – e sempre que falamos de Michael Jackson, estamos falando de hits na concepção mais global, planetária e universal do tema -, temos hinos como “Rock With You”, “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”, “Billie Jean”, “Thriller”, “Beat It”, “Bad”, “The Way You Make Me Feel”, “Black or White” e todas as outras que você está lembrando neste exato momento. Em relação às músicas inéditas, algumas entraram para o catálogo de Michael com destaque, como “They Don’t Care About Us” e suas batidas inspiradas no Olodum (com direito a clipe dirigido por Spike Lee e gravado no Pelourinho e na favela de Santa Marta, no Rio de Janeiro), a balada “You Are Not Alone”, o duelo com sua irmã Janet Jackson em “Scream” e a politizada “Earth Song”.

A letra de “They Don’t Care About Us”, no entanto, foi centro de muitas discussões. O The New York Times afirmou que ela continha trechos antissemitas, o que levou Michael Jackson a declarar que "A ideia de que essa letra possa ser considerada questionável é extremamente dolorosa e enganosa para mim. A música, na verdade, é sobre a dor do preconceito e do ódio e é uma forma de chamar a atenção para problemas sociais e políticos, tanto dos acusados quanto dos agredidos. Eu sou a voz de todos. Eu sou o skinhead, sou o judeu, sou o homem negro, sou o homem branco. É sobre as injustiças em relação aos jovens e como o sistema pode acusá-los injustamente. Estou zangado e indignado por ter sido tão mal interpretado". O empresário e a gravadora de Jackson disseram que a letra se opunha ao preconceito e foi tirada do contexto. Em sua crítica de HIStory, Jon Pareles do The New York Times escreveu que a canção "desmente todo o seu catálogo de hinos de irmandade com uma explosão de antissemitismo". A repercussão negativa levou Michael a alterar a letra da canção e regravar a faixa nas edições seguintes do álbum, trocando as palavras "jew me" e "kike me" por "do me" e "strike me" nas edições de HIStory a partir de então.

O álbum vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo e foi indicado a cinco prêmios Grammy em 1996. O álbum foi certificado oito vezes platina pela RIAA - Recording Industry Association of America em 23 de agosto de 2018, pelas vendas de mais de 8 milhões de cópias comercializadas nos Estados Unidos. Como HIStory é um álbum duplo, seus CDs são contados separadamente para fins de certificação, o que significa que o álbum vendeu, no total, 4 milhões de unidades nos EUA. HIStory foi um enorme sucesso também em todo o planeta. Na Europa, vendeu mais de 3 milhões de cópias antes mesmo de ser lançado. No Brasil, foi direto para o primeiro lugar entre os títulos mais vendidos. 


A ótima aceitação do público proporcionou o lançamento de uma edição simples trazendo apenas o álbum com os grandes sucessos, disponibilizada em 13 de novembro de 2001 com o título de Greatest Hits: HIStory, Volume I e trazendo outra capa, agora com a clássica imagem de Michael dançando na ponta dos pés e usando suas meias cintilantes. Já o segundo disco, com as canções inéditas, foi lançado de forma separada em 2011, com o título ajustado para HIStory Continues e mantendo a mesma capa.

Uma curiosidade interessante para os colecionadores é que as primeiras edições de HIStory vinham com os CDs na cor dourada, enquanto as versões atuais trazem os discos na cor prata tradicional. Vale mencionar também o enorme encarte, com 26 páginas que contam a história de Michael em textos e fotos.

Acima dos problemas que o levaram a se transformar, nos anos finais de sua vida, em um personagem conhecido muito mais pelas polêmicas e pela transformação corporal a que se submeteu, Michael Jackson fez história e escreveu seu nome entre os maiores nomes da música em todos os tempos. HIStory mostra isso de forma clara, ao mesmo tempo em que entrega aqueles que foram alguns dos últimos lampejos criativos de um ícone que mudou a música pop para sempre.


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